Vladímir Mikluchévski Foto: RIA Nóvosti
A cúpula da APEC (sigla em inglês para Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) está se aproximando cada dia mais e a região tem um longo caminho pela frente para criar uma imagem internacionalmente reconhecida e forte. Quais medidas estão sendo tomadas nesse sentido?
Estamos procurando estabelecer regras claras para o jogo. A comunidade internacional acaba sendo influenciada pelos casos de corrupção, que, em algumas situações, é resultado de certos grupos que desejam enriquecer e, em outros, decorrem simplesmente da falta de transparência nos processos. Os empresários precisam ter um ideia de quando dado projeto poderá gerar retorno, e se quaisquer mudanças nas normas irão provocar maiores riscos e falta de previsibilidade.
Os parâmetros éticos e corporativos de hoje, tanto entre executivos russos como estrangeiros (em especial, os grandes empresários), indicam que não se apostar em lugares onde o crime e a corrupção estão presentes. Se não lidarmos com essas questões, dificilmente conquistaremos a confiança da população local e não será possível resolver os problemas socioeconômicos que assolam a região. Ao resolvê-los, estaríamos, ainda, nos ajudando a ganhar a confiança dos empresários que vêm para cá.
Esse problema não é tão fácil de resolver quanto possa parecer para alguns dos leitores, uma vez que os empresários não impõem barreiras quando os lucros estão sendo garantidos. Os mesmos empresários que citam disputas políticas internacionais e outros fatores quando eu lhes pergunto sobre por que não investir aqui vão virar para mim e dizer que os projetos de gás Sakhalin-1 e -2 são “assuntos diferentes”.
Criei um “Livro Branco” para o município, no qual perguntamos aos investidores estrangeiros quais problemas eles enfrentam ao fazer negócios aqui. Embora citem questões óbvias relacionadas ao clima da Rússia, os fatores políticos e comerciais em seus próprios países exercem um grande peso. Eles não estão dispostos a transferir produção tecnológica e de valor agregado, pois não querem dar oportunidade para que um novo concorrente surja em cena.
Por fim, a maioria dos problemas que prejudicam nossa imagem devem ser tratados em nível nacional; é impossível lutar contra a corrupção em uma única região do país. A sociedade precisa amadurecer, assim como o governo.
Todos com quem conversei em Vladivostok estão preocupados com o fato das pessoas estarem partindo da região (na verdade, do extremo oriente como um todo) e com o declínio demográfico. Como vocês pretendem lidar com esses problemas, e quais setores da economia têm potencial para atrair pessoas e fazer com que elas permaneçam aqui?
Nos tempos soviéticos, as pessoas se mudavam para regiões mais isoladas, como o extremo oriente; existem até músicas sobre isso. Elas eram atraídas pelos benefícios que o Estado oferecia para quem se transferisse para cá. Precisamos novamente desses “benefícios federais”.
Realizamos pesquisas para identificar quais fatores fariam com que as pessoas parassem de se mudar daqui. As respostas foram um tanto óbvias – empregos bons, salários adequados, moradia, assistência à saúde e educação.
Há exemplos positivos disso aqui na região?
Trabalhei por muitos anos como governador da região [vizinha] de Khabarovsk, e ali fomos capazes de estimular o crescimento demográfico. E não pelo fato de indivíduos da Rússia Ocidental se mudaram para cá, mas também porque pessoas de outras partes do Extremo Oriente costumavam vir. As empresas se transferiram para Vladivostok. Eu apoiei o desenvolvimento dos negócios – ajudei a obter preços justos para ligações à rede e outros serviços estatais.
Porém, a porção europeia da Rússia está ainda se desenvolvendo mais rápido e se aproximando dos padrões de vida da Europa Ocidental. A região Ásia-Pacífico também está evoluindo, mas nós estamos ficando para trás. É como se a Rússia estivesse dividida internamente.
Costumávamos vender 75% dos produtos feitos aqui para o resto da Rússia; agora nos deparamos com a situação oposta – consumimos os produtos, mas não enviamos nada. Para reverter essa situação, é preciso isentar as empresas de impostos até que elas se tornem rentáveis – podemos convidar investidores para as zonas especiais. Algumas propostas para melhoria do clima de negócios já foram feitas ao presidente e devemos conferir o anúncio das medidas com a aproximação da cúpula da APEC neste outono.
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