Ministério da Defesa quer destruir armas obsoletas

Foto: RIA Nóvosti

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Em três anos, deverão ser inutilizadas quatro milhões de armas de fogo portáteis, começando por fuzis Kalashnikov.

O ministério da Defesa russo planeja destruir, até 2015, quatro milhões de armas de fogo portáteis obsoletas, entre as quais pistolas, rifles, metralhadoras e fuzis construídos até 1980. A maioria das armas a serem sucateadas são os fuzis Kalashnikov.

Segundo o diretor do Centro de Análise do Comércio Internacional de Material de Guerra (Cacimg), Ígor Korótchenko, os Kalashnikov representam 70% das armas estocadas pelo exército russo e são impossíveis de vender, ao contrário das armas da época anterior à revolução de 1917.

“Os compradores se interessam sobretudo pelas armas novas e não pelas armas estocadas. Além disso, as despesas com o transporte, segurança e outras formalidades tornam desvantajosa a venda de armas de fogo antigas”, disse Korótchenko, em entrevista ao jornal “Izvéstia”.

Segundo uma fonte da indústria de guerra russa, cerca de 16 milhões de armas de fogo estão estocadas nos arsenais do exército, sendo que 6,45 milhões delas estão com a vida útil vencida. De acordo com esses cálculos, depois de 2020, será preciso destruir outros seis milhões de armas.

Para especialistas, o exército russo precisa, na verdade, de 3 a 4 milhões de armas de fogo portáteis. As restantes devem ser vendidas ou destruídas.

“Não temos tantos homens para usar mais de 3 milhões de fuzis em caso de guerra, principalmente porque o conceito de guerra moderna não prevê mais uma mobilização total, apostando sobretudo em militares profissionais e armas de alta precisão”, esclareceu ao “Izvéstia” o vice-diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Konstantín Makiênko.


Korótchenko concorda que o exército russo não precisa de mais do que quatro milhões de fuzis.

“Essa quantidade é suficiente para fazer um estoque. Na guerra moderna, tudo se resolve nas duas primeiras semanas, com ataques de mísseis pontuais. Em seguida, entram em ação armas nucleares, após o que uma mobilização total perde sentido”, explicou o perito.

Segundo o “Izvéstia” apurou junto ao ministério da Indústria, as armas sujeitas ao sucateamento serão enviadas às fábricas onde foram fabricadas. Isso permitirá utilizar sua capacidade produtiva atualmente ociosa devido à suspensão da produção de armas e modernizá-las. Por exemplo, no âmbito do programa de sucateamento de armas velhas, em uma fábrica de Viatka, foram criados cerca de 240 novos empregos.

O processo de inutilização de armas não é difícil: as armas são cortadas ou esmagadas por uma prensa e derretidas em um forno. Todavia, na fábrica Ijmach, fabricante de fuzis Kalashnikov, o processo de destruição de armas é inibido pela má organização e dificuldades burocráticas.

“O processo de inutilização começou em agosto, enquanto o registro dos números de matrícula das armas sucateadas começou a ser usado só em outubro. Por isso, ninguém sabe quantas armas foram inutilizadas nesse espaço de tempo”, explicou um dos trabalhadores da fábrica.

Após o extravio de dezenas de fuzis, a Ijmach suspendeu o processo de destruição de armas.

“Revimos todo o processo tecnológico, definimos novos locais para a destruição de armas e equipamos a fábrica com um sistema de vigilância de vídeo”, disse ao “Izvéstia” o diretor-geral da Ijmách, Maksím Kuziúk. 

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