Israel não descarta possibilidade de atacar o Irã

Negociações entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, realizadas em Washington na última segunda-feira (5) Foto: AP

Negociações entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, realizadas em Washington na última segunda-feira (5) Foto: AP

Cautela dos Estados Unidos em relação a armas nucleares iranianas pode impacientar governo israelense.

Israel até agora não decidiu atacar o Irã, mas isso não significa que um ataque seja impossível, segundo informou a agência Reuters, citando um comentário divulgado a respeito das negociações entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, realizadas em Washington na última segunda-feira (5).

“Acredito que ainda há tempo para a diplomacia, mas, de qualquer maneira, não tiro da agenda nenhuma medida, nem mesmo aquelas militares”, disse Obama durante o encontro. No entanto, o presidente norte-americano não traçou uma “linha vermelha” que não deve ser cruzada pelo governo de Teerã. 


É difícil dizer se o governo israelense ficou satisfeito com os resultados das negociações com Washington. “Esperávamos que os esforços diplomáticos tivessem efeito. Esperávamos que as sanções tivessem efeito. Não podemos esperar mais”, disse o primeiro-ministro de Israel, em discurso no Comitê de Relações Americano-Israelenses. “O Estado de Israel não permitirá que aqueles que procuram nos destruir façam esforços para atingir seu objetivo”, acrescentou.

Para Evguêni Primakov, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e chefe da inteligência exterior da Rússia, Netanyahu está disposto a lançar um ataque contra o Irã, mas “sem os Estados Unidos, ele não pode iniciá-lo”.

“Mas até mesmo um ataque aéreo conjunto não poderá resolver o problema, porque as armas nucleares iranianas estão escondidas nas profundezas do subsolo”, acrescenta Primakov. Portanto, os ataques aéreos não poderão neutralizar todo o potencial nuclear do Irã. “Uma operação terrestre terminará em fracasso, porque no Irã será ainda mais difícil combater do que no Iraque”, completou.

“Parece que os EUA e Israel estão brincando de bom e mau policial”, afirma o diretor da Fundação Franklin Roosevelt para o Estudo dos EUA junto à Universidade Lomonossov de Moscou, Iúri Rogulev. “Washington tem poder suficiente para influenciar a política de Israel para o Irã. Por outro lado, as declarações truculentas de políticos israelenses é um bom instrumento para exercer pressão sobre o governo de Teerã”, acredita Rogulev.

Ao que parece, uma solução militar para o problema iraniano é considerada nos EUA como último recurso. “As autoridades norte-americanas responsáveis pela avaliação das consequências de eventuais ataques de Israel ao Irã consideram que Teerã irá retaliar com mísseis contra Israel e atentados terroristas contra civis e militares dos EUA no exterior”, escreveu o jornal “The New York Times”.


Além disso, é muito provável que as instalações de petróleo do Golfo Pérsico também sejam atacadas.

No entanto, o principal resultado será que o Irã aproveitará o ataque israelense para se retirar do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e legitimar a construção de armas nucleares no país. “Isso destruirá por completo o regime criado pelo tratado que é uma pedra angular da política externa norte-americana”, acredita o general aposentado do Serviço de Inteligência Exterior da Rússia, Guennádi Evstáfiev.

No dia 2 de março, foi eleito o novo parlamento iraniano. No próximo ano, o país irá novamente às urnas para eleger o novo presidente. Nesse contexto, uma pressão aberta e ameaças por parte dos EUA e Israel são um fator importante para unir o povo em torno da cúpula governante e apaziguar as contradições existentes mediante uma posição única em relação ao programa nuclear nacional.

Mais do que isso, ao realizar exercícios navais e ao anunciar novas potencialidades para o enriquecimento do urânio, o governo de Teerã parece estar provocando propositadamente reações negativas do Ocidente. A questão, entretanto, é saber até onde poderá ir essa guerra de nervos no triângulo EUA-Israel-Irã.

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