Premiê russo Vladímir Pútin durante uma visita à cidade de Sorov, na região de Nijni Nóvgorod, conhecida como berço da bomba atômica soviética Foto: AP
Interrogado sobre o que a Rússia pode fazer em relação às eventuais iniciativas de desarmamento nuclear dos EUA, o premiê e candidato à presidência russa, Vladímir Pútin, pela primeira vez sugeriu que as negociações sobre o emprego de armas do tipo fossem multilaterais, dizendo que um possível processo de desarmamento deve “envolver todas as potências nucleares”.
A declaração foi feita durante uma visita à cidade de Sorov, na região de Nijni Nóvgorod, conhecida como berço da bomba atômica soviética.
No passado, a União Soviética havia alertado para a necessidade de levar em conta os arsenais nucleares do Reino Unido e da França. Agora, o mesmo é exigido pela Rússia.
“Os cortes profundos nos arsenais estratégicos ofensivos realizados pela Rússia e pelos EUA significam que, num futuro próximo, na área de desarmamento nuclear, irá surgir uma situação completamente nova – em resultado da redução dos arsenais desses países e de outros membros do “grupo nuclear dos cinco”, os arsenais nucleares de outros países não poderão mais ficar à margem do processo de futuras reduções”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguêi Lavrov, em um artigo publicado na revista “International Affairs” (publicação da diplomacia russa).
Para Lavrov, “impõe-se cada vez mais a necessidade de ampliar o processo de desarmamento nuclear e torná-lo multilateral”.
Segundo o jornal “Washington Post”, em meados de fevereiro, a Casa Branca mandou elaborar várias propostas de um novo acordo com a Rússia sobre a redução dos arsenais nucleares. De acordo com a agência Associated Press, a Casa Branca está estudando várias opções de redução de armas nucleares de longo alcance postas em serviço, assim como a possibilidade de redução do número de ogivas nucleares para um nível entre 300 e 400 ogivas. “Esse seria o nível mais baixo desde os primeiros anos da Guerra Fria”, salienta a agência. Atualmente, o limite máximo é de 1.550 ogivas para cada parte.
Na segunda quinzena de maio, o novo presidente russo deverá participar da cúpula do G-8 em Chicago, onde também serão realizadas a cúpula da Otan e, possivelmente, a reunião do Conselho Rússia-Otan, cuja realização, entretanto, ainda não foi decidida devido às grandes contradições entre as partes a respeito da defesa antimíssil americana na Europa.
As reuniões da Otan e do G-8 são uma excelente oportunidade para Moscou reiterar sua posição sobre a defesa antimíssil.
Durante a visita a Sorov, Pútin deixou claro que as negociações para a redução de armas devem levar também em consideração os mísseis estratégicos não-nucleares, assim como armas nucleares táticas, armas de precisão etc. Além disso, o mais importante é que sejam multilaterais e contem com a participação de todas as potenciais nucleares oficiais, inclusive a Grã-Bretanha, França e China, que até agora não aderiu às discussões sobre armas nucleares. A posição do premiê modifica substancialmente o processo de negociação e responsabiliza todas as potências nucleares tanto pelas conversações sobre a defesa antimíssil quanto pelas discussões sobre as armas nucleares táticas.
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