Rússia apresenta a pior execução orçamentária dos últimos dez anos

Analistas do Credit Suisse afirmam que, em janeiro passado, a Rússia teve a pior execução orçamentária nos últimos dez anos, atribuindo um aumento inesperado do déficit público ao desequilíbrio entre as despesas e receitas ocorrido em janeiro passado.

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Analistas do Credit Suisse afirmam que, em janeiro passado, a Rússia teve a pior execução orçamentária nos últimos dez anos, atribuindo um aumento  inesperado do déficit público ao desequilíbrio entre as despesas e receitas ocorrido em janeiro passado. Em janeiro, as despesas atingiram 21,1% do PIB (contra 20,5% do PIB em dezembro de 2011), enquanto as receitas apresentaram um aumento insignificativo, de 21,2 para 21,5% do PIB. Assim, o déficit orçamentário cresceu, em janeiro passado, para 18 bilhões de rublos, ou seja, 0,5 % do PIB mensal.

Os analistas explicam esse hiato entre as receitas e as despesas por dois fatores: a mudança na gestão dos fundos orçamentárias e a proximidade das eleições presidenciais, prevendo que este mês as despesas ultrapassem os 100 bilhões de rublos programados para atingir 950 bilhões.

O perfil das despesas em janeiro mostra que as pensões e outras prestações sociais representaram cerca de 12% do PIB mensal (em janeiro de 2011, 10% do PIB, enquanto a média dos anos anteriores foi de 0,8% do PIB). Os gastos com a defesa nacional e compra de material de guerra chegaram, em janeiro, perto de 6,3% do PIB mensal, atingindo, no mesmo período dos anos anteriores, em média, 3,4% do PIB. Outro fator que pode ter contribuído para o aumento dos gastos do governo foi a liberação de uma parcela de 1,3 bilhões de euros do empréstimo de 2,5 bilhões de euros ao governo de Chipre.

“O ‘fator eleição’ certamente tem influência sobre as despesas”, afirma o diretor do Departamento de Análise Estratégica da empresa de consultoria financeira FBK, Ígor Nikolaev. “É um fenômeno comum: o governo quer apaziguar a população. Há quatro anos, por exemplo, usou para isso o conceito de projetos nacionais. Na presente conjuntura, o desafio é vencer  convincentemente as eleições já no primeiro turno. E ninguém vai poupar dinheiro para isso”, disse.

 

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De acordo com o cientista político Ióssif Dískin, nos anos anteriores, o governo não cumpriu integralmente suas obrigações sociais. Como resultado, conseguiu um superavit impensável e a deterioração da situação na economia. “Por isso, o governo está em débito com a população e se apressa em pagar sua dívida antes das eleições. De modo geral, tais “pagamentos” poderão melhorar futuramente a situação econômica no país”, acrescenta o cientista.

No entanto, os economistas não excluem a possibilidade de o governo russo  zerar o déficit orçamentário se as eleições presidenciais tiverem um só turno. “Não adianta esperar a redução das despesas antes da tomada de posse do novo presidente. A redução pode acontecer em junho ou no segundo semestre deste ano”, afirma Nikoláev. No entanto, a “alegria” de reduzir os gastos poderá ser ofuscada pela diminuição simultânea da receita. “A economia continua abrandando e não proporciona mais a receita esperada”,  completou.

“Em janeiro, as despesas estão sempre abaixo do plano. Devido às férias de natal prolongadas, o mês de janeiro fica sempre mais curto”, diz o diretor do Instituto de Pesquisa Macroeconômica e Previsão da Escola Superior de Economia, Evguêni Gavrilenkov. Segundo ele, em janeiro passado, os gastos não cresceram, mas ocuparam uma posição que teriam de ocupar sempre. “A irregularidade na aplicação das verbas orçamentárias e o aumento significativo das despesas no final do ano provoca uma alta inflação, enquanto a distribuição uniforme das despesas ao longo do ano permite reduzir o potencial inflacionário”, explica o cientista, considerando as promessas eleitorais feitas pelo governo como uma das causas das contas negativas do Estado. 

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