Viatcheslav Níkonov Foto: TASS
Neto de Viatcheslav Mólotov, homem mais próximo de Stálin e ministro das Relações Exteriores da União Soviética que assinou o célebre tratado de não agressão russo-germânico, o deputado Viatcheslav Níkonov, 56 anos, não é afiliado a um partido.
Na Rússia, filiação não é condição de elegibilidade e, ainda em 1993, foi eleito pela primeira vez à Duma (câmara dos deputados), pelo Partido Russo da Unidade e Harmonia. Em 1996, foi vice-presidente do Movimento Nacional Social de Apoio a Iéltsin nas Eleições.
Assim como o primeiro-ministro Vladímir Pútin, Níkonov tampouco é membro do Rússia Unida, pelo qual foi eleito deputado nas últimas eleições da Duma. Alegadamente fraudulentas, as eleições de 4 de dezembro de 2011 foram berço de protestos que tomaram todo o país.
O deputado falou à Gazeta Russa sobre eleições, protestos e explicou por que, segundo ele, o primeiro-ministro, que já cumpriu dois mandatos como presidente, deve ser eleito mais uma vez.
- Por que Pútin como candidato à presidência de novo?
Pútin continua a ser o político mais popular no país e segundo a Constituição russa tem todo o direito de participar das eleições.
- Quais são as razões de Pútin ter uma popularidade tão alta?
São muitas. Em primeiro lugar, a situação no país melhorou muito, em comparação com os anos 90. Quando Pútin chegou ao poder, o PIB da Rússia era de US$ 300 bilhões, e agora alcançou US$1,5 trilhão. A média salarial no país subiu de US$ 80 para US$ 880. Comparado aos outros candidatos, Pútin é evidentemente o líder. Algumas pessoas inclusive relacionam o aumento do respeito próprio na Rússia com a figura de Pútin.
- E se não compararmos a situação atual com a dos anos 90, como o senhor avalia o país?
- O período de governo de Pútin foi um dos mais bem-sucedidos na história da Rússia. A taxa média de crescimento durante seu primeiro mandato presidencial foi de 7% por ano. Foi uma presidência muito bem-sucedida. Muitas pessoas ainda se lembram dos anos 90, quando o país era uma completa bagunça.
- O senhor acha que Pútin é capaz de responder às demandas da sociedade moderna, daqueles que saem às ruas para se manifestar?
- Eu não resumiria a sociedade russa às pessoas que vão aos protestos. Além disso, existem diferentes protestos. Quem participa dos protesto repudia Pútin, mas existem também manifestações pró-governo, que, inclusive, reúnem mais gente. A aprovação de Pútin é maior que de todos os outros candidatos somados.
- As próximas eleições presidenciais podem ser limpas?
- Sim, claro! Pútin está mais interessado em eleições limpas que qualquer outro, enquanto, pelo contrário, todos procuram apenas encontrar violações. Pútin vai fazer de tudo para que se realizem eleições mais limpas.
- Por que o senhor acha que a terceira presidência de Pútin é algo bom para o país?
- Em último caso, sabemos o que esperar do Pútin. O que esperar do [líder do Partido Comunista, Guennádi] Ziuganov ou [do líder do Partido Liberal Democrata, Vladímir] Jirinóvski?
É até engraçado. Ziuganov repete o mesmo discurso já há 20 anos. [O líder do partido Rússia Justa, Serguêi] Mironov é um assessor de Pútin, e sempre o foi. [O empresário e candidato independente] Mikhail Prôkhorov nem é um político ainda, é só um bilionário. Nem um programa político próprio ele não tem, e não tem experiência política.
- E quanto ao fundador do Partido Iábloko [que teve a candidatura rejeitada pelo Comitê Eleitoral Central], Grigóri Iavlínski?
Iavlínski tem que aprender a recolher assinaturas. Pútin não está interessado em eliminar Iavlínski da corrida eleitoral. Tenho certeza que, se estivesse ao alcance de Pútin, ele manteria Iavlínski na lista de candidatos, já que nenhuma pesquisa de opinião pública lhe rendeu mais de três por cento das intenções de voto. Além disso, esses rumores prejudicam apenas Pútin.
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