Deputado da oposição rechaça candidatura de Pútin à presidência

Guennádi Gudkov Foto: TASS

Guennádi Gudkov Foto: TASS

Deputado desde o ano 2001, quando compunha a bancada do Rússia Unida na Duma (câmara dos deputados na Rússia), Guennádi Gudkov deixou o partido governante em 2007. Em entrevista à Gazeta Russa, ele diz que a candidatura à presidência do primeiro-ministro foi “inesperada” e que Pútin pouco a pouco também se distancia do partido, “cujos níveis de aprovação caíram fortemente após uma série de escândalos e fraudes”.

Deputado por três mandatos consecutivos desde o ano 2001, Guennádi Gudkov foi, durante 10 anos, funcionário da KGB, assim como o primeiro-ministro Vladímir Pútin. Também como Pútin, Gudkov integrou a bancada do partido Rússia Unida, que deixou em 2007.

Mas, apesar das semelhanças, suas relações com primeiro-ministro não vão adiante. Gudkov foi um dos organizadores dos eventos massivos que tomaram a capital e outras cidades russas desde dezembro sob o slogan “Por Eleições Limpas”.

Eleito duas vezes deputado pelo partido Rússia Justa, de cujo comitê central é secretário, Gudkov falou ao RBTH sobre a candidatura de Pútin ao terceiro mandato presidencial, fraudes nas eleições e demonstrações de apoio ao primeiro-ministro, as quais, segundo ele, “são organizadas por coação da máquina administrativa.

-Qual sua opinião sobre o fato de Putin ser mais uma vez candidato a presidência?

 

Sinceramente, a decisão de Pútin de tentar um terceiro mandato à presidência foi inesperada. Na verdade, é o quarto mandato, porque Pútin foi o político mais importante durante os últimos quatro anos. Acho que isso é uma decisão errada, que leva à estagnação do poder. Faltam caras novas na política, faltam novas ideias e soluções. Até o último momento eu pensei que Pútin não participaria das eleições presidenciais.

- O senhor acha que Pútin vai ganhar as eleições?

 

Pútin é o político mais popular de todos os candidatos. Ao mesmo tempo, ele decidiu se distanciar de seu partido Rússia Unida, cujos níveis de aprovação caíram drasticamente devido a numerosos escândalos e fraudes.

Pútin nunca fala sobre isso.  A alta popularidade de Pútin, e, ao mesmo tempo, a impopularidade de seu partido, demostram a falta de desenvolvimento do sistema político russo.

As eleições parlamentares não foram justas. O Rússia Unida teve 30-32% dos votos, no máximo. Agora, depois dos protestos e das diversas revelações e fraudes, o nível de aprovação do partido caiu ainda mais, a 20%  ou até menos. Por isso, Pútin nunca salienta que é o candidato do partido Rússia Unida.

- As próximas eleições presidenciais podem ser limpas?

 

Não, as eleições não podem ser limpas porque Pútin tem uma grande vantagem na mídia russa, e organiza as eleições por coação da máquina administrativa.

A contagem de votos pode ser limpa, sim. Provavelmente, Pútin não vai falsificar os resultados. Mas os benefícios da posição oficial de Pútin lhe garantem vantagem.

As fraudes nas eleições parlamentares eram óbvias e causaram uma onda de protestos em todo o país. Pútin tem medo dos protestos e, por isso, a contagem de votos nas próximas eleição pode vir a ser relativamente limpa.

Como o senhor pode avaliar as manifestações em apoio de Putin?

 

Essas manifestações  são organizadas por coação da máquina administrativa, é tudo falso. Há pessoas que vão lá sinceiramente para apoiar o governo, mas a maioria participa delas contra sua vontade.

Essas manifestações não refletem a posição dos participantes. E esse caminho que o governo escolheu de se acalmar porque tem o suposto apoio do povo não leva a lugar algum.

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