Dmítri Medvedev Foto: RIA Nóvosti
Na última quarta-feira (25), o presidente Dmítri Medvedev fez uma nova visita ao departamento de Jornalismo da Universidade Estatal de Moscou (MGU, na sigla em russo), três meses após o primeiro – e não anunciado – encontro com os estudantes da instituição. Os alunos não haviam sido informados com antecedência sobre a visita de Medvedev no dia 20 de outubro do ano passado, e, segundo rumores, apenas membros de diversos movimentos pró-Kremlin tiveram permissão para participar do evento. Além disso, alguns estudantes relataram no Twitter terem sido barrados pelo Serviço de Segurança Federal, que ocupou o edifício horas antes da chegada do presidente. Outros alunos teriam sido, inclusive, impedidos de acessar o prédio para assistir às aulas.
Dessa vez, “o encontro de Medvedev foi mais produtivo”, de acordo com Elena Vartanova, vice-decana do departamento de Jornalismo.
“Acredito que a reunião tenha transcorrido muito bem”, disse Vartanova. “Embora o presidente tivesse inicialmente planejado conversar com os estudantes por uma hora e 20 minutos, acabou passando quase duas horas reunido com eles; isso prova que o encontro estava realmente interessante. Acho que os estudantes e Dmítri Anatoliévitch [Medvedev] chegaram a um denominador comum.”
Algumas medidas de segurança foram tomadas durante a visita do presidente. Os estudantes podiam acessar o prédio através de duas áreas, mediante exibição de carteirinhas da universidade e passaportes. “Levamos uma boa chamada antes de entrar no edifício”, disse Daria Klimacheva, aluna do terceiro ano de jornalismo. “Todos, exceto nove fotógrafos especiais, receberam a ordem de baixar as câmeras fotográficas, até mesmo os amadores. Muitos ficaram incomodados com esse fato.”
As perguntas dos estudantes para o presidente variaram desde os recentes protestos gerados pelas eleições às relações entre Rússia e Estados Unidos, passando por tensões russo-georgianas, cultura e educação.
“Estou certo de que nosso país não precisa de uma revolução”, disse Medvedev, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma revolta ou repressão política. O atual presidente também respondeu que estaria pronto para morrer por seus ideais no caso de uma execução desencadeada por uma rebelião popular.
“Algumas pessoas estavam apenas reclamando sobre suas realidades”, disse a estudante Daria Klimacheva. “Não tive oportunidade de fazer uma pergunta a ele, mas ia preferir questioná-lo sobre assuntos mais pessoais; algo relacionado a ele como pessoa, e não como presidente.”
Igor Malínin, um dos organizadores do encontro, ficou contente de ver que os estudantes tinham se preparado para o evento e não estavam com receio de fazer perguntas difíceis.
Um estudante, por exemplo, perguntou a Medvedev sobre as fraudes durante as eleições parlamentares do dia 4 de dezembro e afirmou ter sido testemunha das falsificações de votos. Ainda assim, Medvedev descreveu as eleições como o processo mais honesto na história da Rússia moderna.
A decisão de Medvedev de retirar-se da corrida presidencial em favor do primeiro-ministro Vladímir Pútin também foi abordada durante o encontro.
“Admito que dentre aqueles que estiveram presentes na Praça Bolotnaia e na Sakharov Prospekt estavam pessoas que desejam um cenário político diferente e provavelmente minha participação nas eleições presidenciais”, disse Medvedev. “E isso é normal.”
Medvedev não descartou, contudo, a possibilidade de concorrer ao cargo de presidente no futuro.
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