Igreja ortodoxa celebra centenário de primeira catedral no Brasil

Miguel Palácio Foto: Arquivo pessoal

Miguel Palácio Foto: Arquivo pessoal

Historiador e encarregado do patriarcado de Moscou na América Latina, Miguel Palácio fala à Gazeta Russa sobre as comemorações e a presença da ortodoxia na região.

Funcionário do Departamento das Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou e historiador da ortodoxia na América Latina, Miguel Palácio fala sobre a publicação do segundo calendário ortodoxo no Brasil, a celebração do centenário da primeira igreja ortodoxa no país e planos da Igreja Ortodoxa Russa na América Latina.

Gazeta Russa: O que é o calendário ortodoxo na cidade Santa Rosa (RS)?

 

Miguel Palácio: O calendário inclui datas de celebrações da Igreja Ortodoxa Russa, leitura evangélica e apostólica de ofícios divinos e fotografias que retratam a vida das paróquias russas no Brasil.

 

GR: Esse tipo de calendários é publicado regularmente no Brasil e em outros países latino-americanos?

 

Miguel Palácio: Este é apenas o segundo calendário ortodoxo publicado no Brasil - e na América Latina. O primeiro saiu no ano passado também no Brasil. Ambas as publicações foram realizadas pela paróquia Petropávlovski (em russo, "paróquia de Pedro e Paulo"), administrada pelo pároco Dionísi Kazantsev e localizada na cidade Santa Rosa (RS).

 

 Igreja Ortodoxa Russa Paróquia Nossa Senhora Proteção, São Paulo Foto: Google 

GR: Existe muita literatura ortodoxa em português e espanhol?

 

Miguel Palácio: Nos últimos anos o número de publicações de literatura ortodoxa em espanhol e português começou a diminuir. Tradicionalmente, a Igreja Ortodoxa Russa sempre apoiou muito as publicações dessa literatura no exterior. Basta lembrar que, em 1970, o arcebispo argentino e sul-americano Nikodim (sobrenome laico Rusnak) mandou traduzir os textos de ofícios divinos para o espanhol, e esses foram publicados em Buenos Aires.

Nos anos 80, o prelado da Igreja Ortodoxa Russa no Estrangeiro e bispo para a América do Sul e Buenos Aires, Aleksandr (sobrenome laico Mileant) que dominava russo e espanhol, ajudou muito a divulgar a literatura russa no estrangeiro. Ele publicou os chamados "folhetos missionários", que explicavam aspectos diferentes da fé da Igreja Ortodoxa, sua história e vida da comunidade contemporânea em espanhol.

Vladika (título ortodoxo) Aleksandr tinha um site sobre ortodoxia em idiomas diferentes. Após a morte prematura de Vladika em 1998, suas obras, infelizmente, foram descontinuadas. Agora, já que as paróquias da Igreja Russa estão ocupadas com outros problemas, principalmente financeiros, não há tempo nem dinheiro para atividades educacionais.

Alguns missionários ortodoxos russos têm planos de publicar a literatura da Igreja em espanhol. Espero que essas boas intenções sejam implementadas. Gostaria de salientar que o chefe da Diocese Argentina da Igreja Antióquia Ortodoxa, metropolita Siluan (sobrenome laico Mussi), também faz trabalho missionário. Ele não só traduz e publica livros, mas também criou uma escola on-line de princípios do ensinamento ortodoxo.

 

Igreja Ortodoxa Antioquina São Jorge (1954), Curitiba / PR Foto: Google 

GR: Quantas paróquias e igrejas ortodoxas existem no Brasil e na América Latina no total?

 

Miguel Palácio: Ninguém sabe o número concreto de paróquias ortodoxas nos países da América Latina. Esta região apresenta um número de igrejas ortodoxas locais. Além da Igreja Ortodoxa Russa, existe o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, a Igreja Ortodoxa de Antióquia, a Igreja Ortodoxa Sérvia e a Polonesa. No total, a América Latina tem cerca de 40 paróquias ortodoxas russas (incluindo as da Igreja Ortodoxa Russa no Estrangeiro que não reconheceram a unificação com o Patriarcado de Moscou e deixaram a hierarquia em 2007).

 

GR: Como vocês pretendem celebrar o 100º aniversário da primeira igreja ortodoxa no Brasil?

 

Miguel Palácio: O pároco desse templo, a Igreja do Apóstolo João, em Campina das Missões, afirma que a imprensa local irá divulgar o evento e a história da comunidade russa ortodoxa local. Na praça Vladímir, nessa mesma cidade, perto do dia do Batismo da Rússia [28 de julho] um arco honorário será instalado. Também haverá um espetáculo de teatro realizado por crianças da Escola de Língua e Cultura Russa, em Santa Rosa. Esperamos também a visita de uma alta delegação da Rússia.

Igreja Ortodoxa São Jorge de Rio Preto Foto: Google


GR: Quais são seus planos para 2012 no Brasil e na América Latina?

 

Miguel Palácio: É preciso continuar o desenvolvimento do serviço pastoral, social e educacional das paróquias ortodoxas russas. Durante os últimos anos foram criadas duas novas paróquias na América Latina: a paróquia de Serafim, em Bogotá, Colômbia, e a paróquia da Matrona de Moscou, em Lima, Peru. A comunidade de Igreja Ortodoxa Russa no Estrangeiro, apesar das enormes dificuldades econômicas, está construindo uma igreja na cidade de Concepción, no Chile.

GR: Qual é a atitude dos brasileiros em relação à atividade da Igreja Ortodoxa Russa?

Miguel Palácio: A atitude dos brasileiros em relação à Igreja Ortodoxa é geralmente neutra. Eles sempre estão abertos a coisas novas, que vêm de outros lugares do mundo. A maioria dos brasileiros é cristã, e por isso igreja ortodoxa é uma coisa que atrai sua atenção, especialmente a dos brasileiros gostam de música ortodoxa.


Miguel Palácio é colombiano e tem ascendência russa. Desde agosto de 2009 trabalha na Secretaria de Relações Externas do Patriarcado de Moscou. Tem especialização em história contemporânea da Igreja Ortodoxa Russa e da ortodoxia na América Latina.

 

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