Sôtchi paga caro pelas Olimpídas

Além de estádios, estrutura a ser construida inclui pontes, usinas, hotéis e estações de tratamento Foto: Michael Mordasov / Focuspictures

Além de estádios, estrutura a ser construida inclui pontes, usinas, hotéis e estações de tratamento Foto: Michael Mordasov / Focuspictures

Projeto já começou de forma exorbitante, propondo Olimpíadas de Inverno na limitada região subtropical do país.

A contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 de Sôtchi começou na Rússia e já são visíveis os contornos básicos do projeto para a cidade do sul do país. Quase uma ironia, os jogos internacionais são os primeiros de inverno recebidos pela Rússia. 


O projeto olímpico proposto pelo país era exorbitante desde o início. Pela primeira vez na história, as provas de inverno serão realizadas em uma região subtropical. Um resort de esqui completa o cenário, a 40 minutos de carro, no litoral do Mar Negro.

Mudança de valor

Um dos pontos fortes do projeto russo era o preço. Segundo o plano original, seria necessário investir 316,4 bilhões de rublos (aproximadamente R$ 21,4 bilhões na época), dos quais mais da metade seria proveniente de recursos do orçamento federal e o restante, do setor privado. 


Cidade abrigará os primeiros jogos de inverno na Rússia Foto: Shutterstock / Legion Media


Mais tarde, o orçamento do projeto foi revisto e triplicou, subindo para quase 1 trilhão de rublos (R$ 58 bilhões), valor comparável ao das Olimpíadas de Pequim - consideradas as mais caras da história. 

No entanto, dada a magnitude das obras que devem ser realizadas em curto prazo, o preço do projeto pode passar de excessivo a compreensível. Serão 11 instalações olímpicas: um complexo de esqui, uma pista de bobsled, um parque de snowboard, um centro de patinagem, uma rampa para salto de esqui, vários estádios de gelo e diversas outras instalações esportivas. 

As instalações foram distribuídas, como nos Jogos Olímpicos de Inverno anteriores, em dois pólos, ou clusters, no jargão dos organizadores.



Um está localizado na planície do Imereti e vai sediar as provas de hóquei no gelo, patinação artística, curling e patinação de velocidade em pista curta. O outro, na região montanhosa de Krásnaia Poliana, vai ser palco das provas de esqui, bobsled, snowboard etc. Com a proximidade entre eles, pode-se passar d e uma paisagem montanhosa com temperaturas negativas a um clima subtropical costeiro de inverno ameno em minutos.

As instalações esportivas foram a parte mais simples do projeto. Quase todas serão inauguradas já em 2012. De acordo com o vice-primeiro-ministro Dmítri Kozak, elas sediarão em 2013 competições experimentais. Além disso, algumas delas, como o complexo de esqui Rosa Khútor, já estão em operação. 

Desafio muito maior é deixar em ordem a infraestrutura da região. O que está sendo feito em Sôtchi e seus arredores leva a crer que nunca na história dos Jogos Olímpicos tenham sido realizadas obras tão grandiosas.

Onde mora o problema

Uma das chaves para o sucesso de quaisquer Jogos Olímpicos é uma infraestrutura de transportes bem desenvolvida. Mas, antes do início das obras de construção olímpicas, o sistema de transportes de Sôtchi estava em estado deplorável e o maior desafio da organização era ligar os dois clusters. 

Para evitar um colapso no trânsito, decidiu-se pela construção de um viaduto combinado de estrada e ferrovia, com extensão de 48 km e um trajeto em túneis ao longo do rio. O orçamento do projeto ultrapassou os R$ 11 bilhões, e fez do viaduto de Sôtchi o mais caro do mundo. 

Além disso, pretende-se construir um rodoanel que inclui 15 pontes e cinco túneis, numa extensão de mais de 10 km. 

Há ainda outros projetos de menor visibilidade, mas não menos importantes.

Entre eles está a construção de uma ligação ferroviária para o transporte de quase 100 milhões de toneladas de carga, de um novo aeroporto (já em andamento), de seis novas usinas elétricas e 16 subestações, de instalações de purificação de água e a reforma do porto local. 

A reforma do complexo hoteleiro também é imprescindível, e sem ela Sôtchi não conseguirá dar conta do fluxo de turistas durante os jogos. Por isso, já há projetos para a criação de novos hotéis, principalmente de três estrelas, que fornecerão à cidade mais 42 mil vagas. Após as Olimpíadas, muitos desses hotéis serão convertidos em habitações e negociados no mercado imobiliário.

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