Foto: RIA Nóvosti
Os sobreviventes estavam, no momento do acidente, no convés e não no interior da plataforma e usavam coletes salva-vidas e roupa de neoprene, o que lhes permitiu manter-se à tona, após o naufrágio, e subir pela cordas e escadas a bordo do rebocador Neftegaz-55.
“A evacuação do pessoal da plataforma foi realizada de forma organizada, todas as pessoas resgatadas estavas vestidas com macacões térmicos e tinham consigo os documentos de identidade. Para o resgate foram usados quatro botes salva-vidas, cada um com capacidade para 25 pessoas”, disse Iúri Mélekhov, diretor da empresa de prospeção geológica no Ártico AMNGR.
As causas do acidente não foram até agora comentadas nem pelos representantes
da AMNGR, dona da plataforma, nem pelos investigadores. Os donos da plataforma insistem
que o transporte da plataforma foi confiado a marinheiros experientes enquanto
o Comitê de Investigação promete “dar a devida avaliação legal às ações de
todos os responsáveis pela segurança do pessoal da plataforma petrolífera sem
distinção de cargos”.
“A tripulação lutou até o fim. Assim que recebemos o sinal de socorro, criamos logo um comitê de emergência, que estava sempre em contato com o rebocador e a plataforma e estabeleceu também comunicação com o centro de salvamento da ilha Sacalina. Mas competia ao pessoal da plataforma tomar decisões”, disse Boris Likhvan, especialista naval da AMNGR.
A investigação irá explicar por que duas horas após o recebimento do sinal de socorro não foram tomadas todas as medidas possíveis para resgatar o pessoal da plataforma Kólskaia. Como disse à imprensa o porta-voz da AMNGR, a “previsão do tempo recebida às vésperas da saída da Kólskaia para o mar era aceitável. O tempo mudou drasticamente quando a plataforma já estava no mar”. Interrogado sobre a presença dos geólogos na plataforma durante a viagem, o porta-voz disse que eles haviam sido incluídos no rol de tripulação para desempenharem as funções de marinheiro.
Especialistas em reboques navais envolvidos na investigação técnica do naufrágio e entrevistados pelo jornal “Kommersant” consideram esses argumentos pouco convincentes. De acordo com eles, a caravana composta por um navio quebra-gelo, reboque e uma plataforma petrolífera tinha pela frente um caminho de cerca de 200 milhas marítimas. “Os organizadores da viagem se serviram da previsão do tempo para o dia seguinte, a qual era bastante precisa. Por isso, não é caso para falar de surpresas climáticas”, dizem peritos.
Os responsáveis pela viagem também deviam saber que era proibido continuar em uma tempestade. De acordo com o regulamento vigente, o transporte de uma plataforma petrolífera só é permitido com ondas de altura não superior a dois metros enquanto, naquele dia, as ondas atingiam alturas entre cinco e seis metros.
Por último, é absolutamente inconsistente, na opinião dos especialistas, a afirmação dos donos da plataforma de que os geólogos estavam desempenhando as funções de marinheiro. Segundo eles, no rol de tripulação são geralmente incluídos marinheiros suplentes que substituem a tripulação titular em viagens de longo curso. Já as plataformas de perfuração devem ser rebocadas vazias ou com um número mínimo de marinheiros.
Um dos comissários da comissão de inquérito disse ao “Kommersant” que o transporte de plataformas de perfuração dessa forma é permitido, mas acarreta grandes riscos e só é praticado pelos “armadores demasiadamente econômicos”.
A operação de resgate no Mar de Okhotsk continua, mas os meteorologistas alertaram para a possibilidade de uma tempestade na zona da operação no dia 23, o que põe em dúvida o prosseguimento dos trabalhos de busca e resgate.
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