Ilustração: Natália Mikhailenko
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, considera “estrategicamente importante” cooperar com a Rússia. “Temos interesses comuns em matéria de segurança, enfrentamos os mesmos problemas”, escreveu ele em um artigo publicado na edição de 6 de dezembro do “The International Herald Tribune”.
“Deixamos bem claro que nosso sistema de defesa antimíssil não é apontado contra a Rússia e se destina à proteção dos países europeus membros da Otan contra as ameaças fora da Europa; é um sistema defensivo”, disse Rasmussen.
Mesmo assim, o secretário-geral da Otan achou necessário lembrar mais uma vez as “três propostas práticas” destinadas a acalmar a Rússia. A primeira se refere à troca de informações sobre os testes de mísseis no âmbito do Conselho Rússia-Otan; a segunda propõe realizar exercícios militares conjuntos da Rússia e da Otan; a terceira visa criar duas áreas de defesa antimíssil, das quais uma se destinaria à troca de informações e a outra, ao planejamento.
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Ao referir-se ao desejo da Rússia de receber “garantias jurídicas” de que o escudo antimíssil da OTAN não representa ameaça para ela, Rasmussen disse que tais garantias existem há mais de 10 anos e estão estipuladas na Ata Fundadora Rússia- Otan, de1997.
Os russos não estão tão interessados em saber a posição da Otan, tendo maior preocupação em relação aos EUA. É desse país que os russos exigem “garantias jurídicas” de que o escudo antimíssil na Europa não será apontado contra os mísseis russos, já que a construção da defesa antimíssil no continente europeu é financiada com o dinheiro norte-americano.
A Rússia não se entusiasmou com o convite dos EUA para uma visita aos locais
onde estão instalados elementos de seu escudo antimíssil. Washington convidou
também especialistas russos a assistir, pela primeira vez, aos testes do
sistema americano no Pacífico na primavera de 2012 e a visitar a base da
Agência de Defesa Antimíssil em Colorado Springs. A Rússia não se apressa em
aceitar o convite, porque, segundo alguns especialistas do ministério da Defesa
da Rússia, os resultados dos testes dificilmente poderão garantir o caráter
inofensivo do sistema americano para a Rússia. Futuramente, os americanos
poderão alterar facilmente os parâmetros dos elementos testados.
O representante da Rússia na Otan e representante especial da Presidência para a Defesa Antimíssil, Dmítri Rogózin, visitou, em julho passado, Colorado Springs e diz que sua “visita fazia lembrar uma excursão ao planetário”. Rogózin duvida de que os militares russos precisem assistir a esse show.
Segundo a diplomacia russa, a base para a resolução do problema da defesa antimíssil ainda não existe. O que existe é um cultivo incondicional de uma imagem do inimigo externo personificado pelo sistema de defesa antimíssil norte-americano e o desejo de combatê-lo mediante o desenvolvimento de mísseis nucleares ofensivos.
Andrêi Kisliakóv - analista da emissora “Voz da Rússia”
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