Após 18 anos de negociações, Rússia irá ingressar na OMC

Foto: AFP / EastNews

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Depois de negociar por 18 anos sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC), a Rússia finalmente fará parte da associação comercial internacional. O presidente Medvedev agradeceu o trabalho a todos os membros do processo de negociação, ressaltando que se trata de uma importante conquista para Rússia e seus parceiros comerciais.

O diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, não economizou presentes e entregou aos membros dos grupos de trabalho de ambos os países algumas camisetas. Na do chefe da delegação russa, Maksim Medvedkov, estava escrito “Welcome to WTO, finally” (“Bem-vinda à OMC, finalmente”, em português), enquanto a do chefe do grupo de trabalho para a adesão da Rússia, Stefan Johannesson, trazia a expressão “Mission accomplished” (“Missão Cumprida”, em português).

Agora, a Duma (câmara dos deputados na Rússia) precisa ratificar o protocolo até a metade de junho para que o país se torne um membro de pleno direito na OMC. No entanto, dois dos quatro partidos presentes no parlamento, Rússia Justa e Partido Comunista, já declararam que vão votar contra a medida. O primeiro não explicou os motivos de tal posicionamento.

Os comunistas, por sua vez, declararam que a adesão não traz benefícios para alguns setores da economia russa. “O setor agrícola passará por sérias dificuldades e toda a indústria de transformação sofrerá um verdadeiro colapso”, acredita Vladímir Káchin, um dos líderes do Partido Comunista. Entretanto, mesmo se ambos os partidos forem unanimamente contra na votação, os votos dos outros dois, Rússia Unida e LDPR, serão suficientes para ratificar o protocolo.

A integração na OMC será realizada em etapas ao longo de dez anos, mas as empresas russas e as companhias estrangeiras que trabalham na Rússia já estão se preparando para a liberalização do mercado e para a redução alfandegária. “A entrada na OMC aproxima a Rússia dos princípios e padrões internacionais de comércio. Os termos do acordo darão aos representantes das empresas norte-americanas e de outros negócios internacionais a possibilidade de obter maior transparência e previsibilidade na hora de trabalhar no mercado russo”, declarou Ed Verona, presidente e diretor executivo do US-Russia Business Council.

O presidente da Boeing na Rússia e na CEI (Comunidade dos Estados Independentes), Serguêi Krávtchenko, declarou em uma entrevista concedida à Gazeta Russa que espera que o ingresso na OMC permita à Rússia atrair investidores e projetos de longo prazo. “Até agora, o fato de a Rússia não fazer parte da OMC era um motivo de insegurança para muitos investidores. Todos os anos apresento um projeto para o conselho de diretores da Boeing para aumentar as atividades da empresa no país e, todos os anos, devido a seu status na comunidade internacional, surgiam dúvidas e complicações. Sim, temos planos para investir mais de 20 trilhões de dólares, dos quais já aplicamos 6 trilhões.

A adesão nos permite ter confiança na estabilidade dos investimentos e nos dá possibilidade de aumentar nossa participação no mercado”. Segundo Krávtchenko, a consequência mais importante da adesão à Organização Mundial do Comércio será o desenvolvimento da ciência. “A Rússia pode tornar-se um lugar onde haverá cultura científica, poderá ser um exportador de serviços intelectuais e parceiro de trabalho de novos conhecimentos e tecnologias”, destacou.

Esse é o efeito a longo prazo, mas a prova mais séria a curto prazo será a competência para realizar as mudanças, garante Iaroslav Lisovolik, economista-chefe e diretor do departamento de pesquisas do Deutsche Bank Russia. Com a gradual redução e posterior eliminação das tarifas alfandegárias para os artigos estrangeiros, os produtores russos se verão obrigados a se esforçar para atingir o nível de seus concorrentes estrangeiros. Caso contrário, segundo o especialista, os produtos locais perderão seu lugar no mercado.

“Isso serve como um bom sinal para o fortalecimento da pressão competitiva, que certamente vai contribuir para o aumento da eficiência entre os produtores russos e a diminuição de preço para os consumidores. Entretanto, os efeitos comerciais só serão aparentes em uma perspectiva de médio a longo prazo. A consequência mais imediata será, basicamente, o aumento dos investimentos estrangeiros diretos”, resumiu.

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