Embaixador russo na ONU Vitáli Tchúrkin Foto: RIA Nóvosti
No início do ano, a Rússia apoiou uma resolução referente à Líbia e absteve-se de uma segunda. De acordo com Tchúrkin, os membros do Conselho de Segurança foram informados antes de votar que a zona de exclusão aérea tinha sido concebida para proteger os civis e ele acreditava que o objetivo principal não era derrubar o regime do coronel Muammar Gaddafi.
“Depois de todas aquelas garantias, rapidamente fomos informados: vamos ter que mudar o regime e ir atrás de Gaddafi para dar continuidade a essa resolução”, disse Tchúrkin. “Não recebemos isso tão bem, porque era um caso flagrante de mal uso das prerrogativas do Conselho de Segurança, que estava diminuindo o prestígio do Conselho e minando sua capacidade de agir com eficácia no futuro.”
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Em outubro, o veto russo de uma resolução condenando a Síria, que era apoiado pela China, atraiu fortes críticas dos Estados Unidos, França e Reino Unido. “O corajoso povo da Síria pode agora ver claramente quem nesse conselho apoia seu anseio por liberdade e direitos humanos, e quem não se importa”, disse Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU.
Tchurkin rejeitou as críticas e disse que a Rússia tem sua própria leitura dos acontecimentos na Síria. “Houve grandes protestos pacíficos em algumas partes do país, mas também houve violência usada contra instituições governamentais, e essa tendência estava aumentando à medida que os acontecimentos começaram a se desenrolar”, disse o embaixador. “Portanto, o que a Rússia estava fazendo era manter negociações contínuas com as autoridades sírias, com a oposição, e pedindo para todos os membros da comunidade internacional estimularem o diálogo, pois acreditamos que para começá-lo, as pessoas que realmente querem mudar a situação na Síria precisam se desassociar da ideia de extremistas violentos, e a comunidade internacional deve pedir para todos entrarem em diálogo. Não aceitamos a premissa de que de algum modo o regime de Bashar al-Assad não pode mudar e de que não pode existir progresso sob tal regime.”
Tchurkin contrastou a impaciência das potências ocidentais com a Síria com sua disposição para negociar ao longo de muitos meses e assegurar a saída do ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, e dos pedidos de diálogo pelo EUA em relação ao Bahrein.
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"Estamos muito felizes por termos acabado de assinar um acordo político no Iêmen, após meses de negociações e dezenas de rascunhos", disse. "A comunidade internacional foi capaz de mostrar paciência e encorajou ambas as partes a dialogar, mesmo que no Iêmen tenha havido mais derramamento de sangue durante os últimos meses do que na Síria. Assim, acreditamos que, de um modo geral, em tais situações, a comunidade internacional deve consistentemente apoiar resultados políticos por meio do diálogo, em vez de incitar mais problemas internos."
Tchúrkin também reiterou a antiga crença da Rússia de que o engajamento diplomático continua a ser o meio mais eficaz para impedir o Irã de adquirir armas nucleares. Ele disse ter visto muito pouca coisa nova no mais recente relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) sobre pesquisa e atividades de desenvolvimento no Irã.
“Estamos analisando-o”, disse. “Porém, à primeira vista, o documento não acrescenta nada ao conhecimento geral das alegações sobre o Irã. Ele foi divulgado, infelizmente, como um grande recurso de relações públicas, quando a mídia começou a citá-lo bem antes de ser publicado, e depois vazou da Aiea. Assim, ficou claro que, desde o início, a intenção era usá-lo com a finalidade de obter algum ganho psicológico e político em vez de lidar seriamente com a situação no Irã."
Tchurkin também afirmou que a Rússia se opõe a uma nova rodada de sanções, temendo que não sejam focadas em qualquer ameaça atual, mas no controle sobre a situação interna no Irã. Segundo ele, as rodadas anteriores de sanções tem sido estendidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia “para estabelecer limitações sobre outros países em suas relações com o Irã".
“Por uma questão de princípio, acreditamos que isso é errado”, disse o embaixador.
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