Sistema político da Rússia deve permanecer igual após eleições

Ilustração: Niyaz Karim

Ilustração: Niyaz Karim

As eleições parlamentares da Rússia ocorreram no último domingo e, de acordo com dados preliminares, os resultados estão próximos dos previstos pelos sociólogos e reproduzem a correlação de forças na atual Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo). O partido Rússia Unida tem a maioria das cadeiras na nova Duma de Estado, a qual compartilha com os mesmos três partidos de antes: o Partido Comunista da Federação da Rússia (KPRF, na sigla em russo), o Partido Liberal Democrático (LDPR, na sigla em russo) e o partido Rússia Justa.

O KPRF e o LDPR sabiam que jamais teriam a maioria na Duma de Estado, mas teriam uma bancada parlamentar garantida, reduzindo-se a esse último aspecto toda sua aspiração ao poder. Contrariamente aos comunistas e os democratas liberais, os militantes do Rússia Justa foram mais ativos nessa campanha eleitoral, pois não tinham a certeza de que iriam ter assentos na nova Duma de Estado. Outros partidos, como o Patriotas da Rússia e o Causa de Direita, também sabiam que não iriam superar a barreira de 7% de votos por mais que tentassem.

A suspeita de falsificação na contagem dos votos continua forte e os partidos oposicionistas quebraram a cabeça inventando as técnicas mais sofisticadas para impedir as fraudes eleitorais. Apesar da desconfiança, os resultados das eleições estão próximos dos previstos pelos sociólogos.

 A política na Rússia

 

O sistema político da Rússia não admite nenhuma competição entre partidos e políticos de porte igual, por isso as diferenças entre os partidos políticos presentes atualmente no cenário russo são cosméticas. Todos eles estão ligados à vertical do poder e representam diferentes projeções da mesma, pelo que se criticam e se acusam mutuamente. Os partidos da oposição não diferenciam muito do partido dominante, portanto não causam nenhum entusiasmo.

Além disso, a maioria silenciosa da população tem razões bem concretas para apoiar o governo. O salário médio mensal em Moscou, em 2000, foi de US$ 150; em 2006, US$ 825; e em 2011, US$ 1350. Os preços também vêm subindo, mas a uma taxa menor. O padrão de vida no país subiu bastante, não só em Moscou. A meta de dobrar o PIB foi atingida: de US$ 1,12 trilhões em 2000 (o décimo maior do mundo) para US$ 2,23 trilhões em 2010 (sexto maior do mundo).

 

Dificuldades futuras

Os sintomas das dificuldades vindouras são o distanciamento do governo e uma ironia mordaz e irritação por parte de uma minoria agressiva. Não se trata de um grupo restrito de pessoas insatisfeitas, mas sim camadas mais amplas e mais avançadas da população que quase consideram como seu dever moral fazer oposição ao governo. É preciso lembrar que na Rússia, sempre que a elite intelectual começava a se virar contra o governo, este acabava em dificuldades. Desta vez, o governo venceu. Mas sua influência vem diminuindo, e se um sistema se torna fraco, qualquer choque externo (por exemplo, uma baixa dos preços de commodities) será suficiente para ele entrar em colapso.

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies