Cinco mil protestam contra resultados das eleições parlamentares

Foto: Rustem Adagamov/drugoi

Foto: Rustem Adagamov/drugoi

Pelo menos cinco mil manifestantes demonstraram sua frustração em relação às eleições para Duma Estatal na segunda-feira à noite, no centro de Moscou, em uma das maiores manifestações da oposição nos últimos anos.

Ao contrário da maioria dos eventos desse tipo, o protesto realizado próximo à estação de metrô Tchistie Prudi foi sancionado pelas autoridades – mas, ainda assim, terminou em confrontos com a polícia e diversas pessoas detidas.

Segundo a polícia, de 700 a 2 mil pessoas participaram da manifestação, mas organizações e observadores independentes, incluindo diversos repórteres do The Moscow Times, estimam que a multidão chegou a reunir de 5 a 7 mil pessoas.

Os manifestantes gritavam “Precisamos de novas eleições”, “Rússia sem Pútin”, “Revolução” e “Vergonha”, durante os discursos dos líderes da oposição Boris Nemtsov e Iliá Iachin, do blogueiro anticorrupção Aleksêi Naválni, da defensora da florestas de Khímki, Evguênia Tchirikova, do jornalista Viktor Chenderovitch, do crítico de rock Artemi Troitski e do romancista Dmítri Bikov.

A polícia não interferiu no protesto, organizado pelo grupo Solidariedade com a benção da prefeitura. Porém, quando milhares de ativistas tentaram marchar à estação de metrô vizinha Lubianka depois do evento, eles enfrentaram cordões policiais. Os manifestantes conseguiram romper uma corrente de policiais e das Tropas do Interior (Guarda Nacional Russa), mas, por fim, foram parados e dispersos pelos oficiais, que empurraram a multidão para dentro do metrô.

Dezenas de pessoas foram detidas.

A Gazeta.ru reportou que um soldado das Tropas Interiores tentou argumentar com Naválni durante a marcha não autorizada. “Aleksêi, entendo tudo, mas você simplesmente não pode”, suplicou o soldado. Naválni estava entre aqueles detidos, segundo o Eco de Moscou. 

Enquanto isso,  observando o crescente desencanto dos eleitores pelas autoridades do governo, o sobrevivente político Rússia Justa prometeu fortalecer sua independência e o ainda governante Rússia Unida sugeriu uma liberalização – possivelmente sob nova liderança.

O atual presidente Dmítri Medvedev, o único nome da cédula federal do Rússia Unida nas eleições de domingo, pode subsistir o primeiro-ministro Vladímir Pútin, como disse o presidente do Rússia Unida, Andrêi Vorobiov, de acordo com a Interfax.

A ideia foi expressa anteriormente em setembro pelo chefe do gabinete do Kremlin, Serguêi Naríchkin, que disse que a troca poderia ocorrer após as eleições presidenciais em março, a qual Pútin estaria pronto para vencer.

Medvedev não comentou sobre a proposta durante a coletiva de imprensa na segunda-feira e, em vez disso, disse que poderia reconsiderar a inclusão da opção “nenhum dos anteriores” nas cédulas de votação. A opção foi eliminada em 2006 depois de começar a ganhar popularidade.

“Não existe nada de assustador nisso, mas penso que é uma maneira um tanto estranha de se expressar”, disse Medvedev sobre o assunto, informou a Interfax.

Ele disse novamente que o governo pode reintroduzir características das eleições de mandato único para ajudar “excelentes líderes” cujas carreiras vêm sendo paralisadas por líderes regionais que encabeçam as listas eleitorais dos partidos.    

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