Emblema da IV Mostra de Cinema Brasileiro realizada em Moscou
A abertura do evento foi feita pelo filme “A Suprema Felicidade”, do diretor brasileiro Arnaldo Jabor, que voltou ao cinema depois de 20 anos de intervalo. O filme estreou no ano passado, no Festival do Rio de Janeiro, e relata o Rio no pós-guerra, com foco na infância e juventude do protagonista Paulo e seu relacionamento com seu avô e seu pai.
O documentário “Estamira”, de Marcos Prado, ganhou vários prêmios internacionais em mostras latino-americanas e foi considerado um dos destaques do evento. O filme segue a rotina de mais de 20 anos de uma esquizofrênica de 63 anos no aterro sanitário do Jardim Gramacho, nos subúrbios do Rio de Janeiro, e transmite sua visão filosófica dos problemas globais. Esse lugar pitoresco, no contexto dos próximos Jogos Olímpicos no Rio em 2016, não é menos atrativo do que as favelas locais.
Deborah Young, em seu comentário na revista “Variety”, escreveu: “No início, vemos Estamira no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, onde ela mora e colhe lixo. Depois, ficamos sabendo das causas terríveis de sua doença e que tem filhos e netos que tentaram ajudá-la e tirá-la do aterro. Mas, aos poucos, começamos a entender que seu lugar é mesmo aqui, junto aos outros párias da sociedade”.
Outro documentário apresentado no festival foi “Garapa”, sobre o problema da fome. A obra de José Padilha é protagonizada por três famílias, das quais uma vive em uma cidade grande, outra, em uma cidade pequena, e outra ainda, muito longe dos centros urbanos. Para elas, combater a fome faz parte de sua vida cotidiana, assim como superstições, alcoolismo e crueldade. O filme tira seu nome de uma bebida feita com a mistura de açúcar e água, que se tornou o principal alimento para essas famílias.
Em 2009, a película competiu no Festival de Cinema de Berlim, no programa “Panorama”. Leslie Felperin, em seu comentário na revista “Variety”, assinalou: “Essa é certamente uma história de cortar o coração. Padilha dizia repetidamente à imprensa: “Peço às pessoas para assistirem a esse filme, embora ele dificilmente lhes agrade”. Talvez o único defeito do filme seja que, apresentando um olhar peremptório sobre o reino implacável da fome, ele não diz nada sobre a origem da miséria em que vivem seus personagens nem explica seu comportamento, por vezes chocante”.
O filme “Jean Charles”, de Henrique Goldman, um dos convidados especiais do festival, é baseado em fatos reais e conta a história de um imigrante brasileiro, Jean Charles De Menezes, morto a tiros em 2005 pela polícia londrina. Dois anos mais tarde, o tribunal reconheceu a culpa da polícia no incidente, mas não apontou os responsáveis. Baz Bemigboyl escreveu na Daily Mail a respeito do filme: “A obra brasileiro-britânica desloca o foco da morte para a vida do personagem, contando como Jean Charles, seus familiares e amigos viviam em Londres. Segundo o produtor Luc Schiller, essa história otimista está cheia de alegria e riso, mas termina em tragédia.
O filme teve uma ampla repercussão pública, embora o diretor Henrique Goldman garanta que não tinha a menor intenção de fazer um filme político”.
Também foi apresentado o filme “O Contador de Histórias”, de 2009, sobre um garoto pobre que enfrenta uma vida difícil em uma instituição para menores. Em Moscou, o filme foi apresentado pelo diretor Luiz Villaça e pela atriz Denise Fraga, produtora da obra.
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