Entrevista com Vladímir Tchurov

Vladímir  Tchurov, presidente da Commissão Eleitoral Central da Rússia Foto: RIA Nóvosti

Vladímir Tchurov, presidente da Commissão Eleitoral Central da Rússia Foto: RIA Nóvosti

Líder da Comissão Central de Eleições, Vladímir Churov fala sobre as relações com observadores europeus e as escolhas do eleitor russo.

- Haverá inovações nas próximas eleições parlamentares, em dezembro?

- Nas próximas eleições, quase seis mil seções eleitorais contarão com sistemas de soma automática de votos. Mais do que isso, teremos mil sistemas eletrônicos de votação que não utilizam cédulas de papel e conseguem manter  o segredo do voto.

- Vocês mantêm contatos com seus colegas do exterior?

- Empenhada em trocar experiências e adotar as melhores práticas existentes, a Comissão Eleitoral Central (CEC) mantém relações com as autoridades eleitorais de 20 países, entre os quais as maiores democracias eleitorais do mundo como Índia, Brasil, México e Indonésia. Verificamos que geralmente os processos de votação e as lei eleitorais mais eficazes são precisamente dos países da Ásia e da América do Sul. Por exemplo, Brasil, Índia e Venezuela têm um sistema eletrônico de votação em todas as seções eleitorais. A Venezuela e o Brasil possuem um sistema automático de recenseamento eleitoral. No que diz respeito ao equipamento para votação eletrônica, colaboramos nesse aspecto com a Coréia do Sul.

- Quantos eleitores tem a Rússia? Como vão votar aqueles que estão no exterior?

- O caderno eleitoral eletrônico conta com cerca de 110 milhões de eleitores, incluindo 1,813 milhão de eleitores inscritos em consulados russos no exterior. Infelizmente, no exterior, a taxa de comparecimento às urnas não é muito alta. Nas eleições legislativas de 2007, de 1,7 milhão de eleitores inscritos nos consulados russos no exterior, apenas 304 mil foram às urnas. O maior comparecimento às urnas foi registrado nos países da Comunidade de Estados Independentes (CEI). O menor índice de comparecimento foi detectado na Alemanha (cerca de 1,4 %), Israel (5,6 %) e nos EUA (7,6%). Isso porque existem  dificuldades em levar as informações das eleições ao conhecimento dos eleitores e porque os russos não têm zonas de residência concentrada no exterior.

- Observadores europeus não concordaram com a avaliação dada às eleições parlamentares de 2007 na Rússia por seus colegas de outros países. O que tem a dizer sobre isso?

- Analisamos o trabalho realizado pelo Escritório para as Instituições Democráticas e Direitos Humanos (ODIHR) da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) entre 2010 e 2011 na Estônia, Moldávia, Cazaquistão e Letônia e vimos que, no caso da Letônia, Estônia e Moldávia, países onde as eleições tiveram avaliação positiva, as conclusões feitas não correspondiam ao texto dos relatórios, isto é, a conclusão era positiva e o texto, negativo. No Cazaquistão, pelo contrário. Portanto, esse organismo é  politicamente tendencioso.

- Como se relacionam com os observadores agora?

- Pela primeira vez na história, enviamos às organizações internacionais das quais a Rússia faz parte cartas pedindo que dêem suas sugestões sobre o número de observadores que elas queiram enviar e as regiões que elas queiram visitar para assistir às operações de voto. Essa iniciativa não tem precedentes.

- Como será organizado o trabalho dos observadores internacionais?

- Na Rússia, os observadores internacionais podem estar presentes em todas as assembléias eleitorais e mesas receptoras de voto, inclusive no dia de votação e dias de votação antecipada, e assistir aos processos de contagem e recontagem de votos. Infelizmente,  as práticas em matéria eleitoral são diferentes. As missões de observação enviadas para diferentes países têm prazos de estadia e número de funcionários diferentes. Por exemplo, a missão da OSCE na Bulgária teve 11 pessoas, na Polônia, 12. As eleições presidenciais nos EUA, em 2008, foram acompanhadas por 60 delegados europeus enquanto as eleições presidenciais ucranianas, em 2004, reuniram 2762 observadores da OSCE. Como sabemos agora, a isso se seguiu a “Revolução Laranja” e a repetição ilegal da votação no segundo turno.

- Quantos observadores vêm, normalmente, à Rússia?

- O número total de observadores internacionais nas eleições legislativas de 2007 foi de 299 enquanto as eleições presidenciais de 2008 contaram com 335 observadores.

- Pesquisas recentes mostram que boa parte dos russos defende que nas cédulas de voto reapareça a opção “contra todos”. O senhor tem algum comentário a fazer?

- Não conheço esses levantamentos. A opção “contra todos” foi eliminada das cédulas em todos os países da Europa em razão de que esse candidato não existe fisicamente, sendo os votos por ele obtidos distribuídos entre os vencedores. Recentemente, na Moldávia, os votos atribuídos a essa opção foram divididos igualmente entre todos os partidos. Repito, o candidato “contra todos” não existe na realidade. A introdução dessa opção visa induzir o eleitor ao erro. Além disso, a Rússia, como integrante consciente da OSCE, cumpriu as recomendações do ODIHR de 2004. 

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