Rússia e Brasil continuarão esforços coordenados com vistas a um mundo multipolar

Foto: AFP EastNews

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O chanceler brasileiro, Antônio Patriota, esteve em visita de trabalho à Rússia, nos dias 3 e 4 de setembro.

Foi a primeira viagem à Rússia do atual chefe da diplomacia brasileira, que assumiu a pasta há alguns meses. No início das negociações com seu colega russo, Serguêi Lavrov, Antônio Patriota disse que o Brasil e a Rússia são países com economias em rápido crescimento e que já se recuperaram da crise e podem registrar um crescimento econômico já em 2011. O chanceler brasileiro manifestou a esperança de que, até o final do ano, a Rússia venha a aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC).

As negociações entre o ministro russo e o chanceler brasileiro, realizadas na Mansão da diplomacia russa, em Moscou, focaram as relações comerciais, científicas e tecnológicas entre os dois países, assim como a situação internacional e a cooperação no âmbito do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).


No entanto, nenhum acordo bilateral importante foi assinado entre os países. Os dois ministros destacaram principalmente os projetos bilaterais na área de ciência e reiteraram a intenção de seus países de adotar as moedas nacionais na prática de pagamentos recíprocos, o que foi classificado por Lavrov como algo “de fundamental importância” para o desenvolvimento do relacionamento bilateral.

Em entrevista coletiva realizada após as negociações, os ministros disseram ter alcançado importantes progressos em questões relacionadas à cooperação bilateral nas áreas econômica, energética, de gás e petróleo, altas tecnologias e agricultura.

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Também abordaram a hipótese de projetos conjuntos na exploração espacial. O Brasil é o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina e os ministros disseram considerar indispensável dar continuidade à diversificação das relações bilaterais.

O Brasil e a Rússia continuarão a intensificar suas relações nas áreas de educação e ciência, tanto no âmbito do Brics quanto no plano bilateral. Antônio Patriota recordou a esse respeito o recente encontro dos ministros da Ciência e Tecnologia dos países do grupo Brics. Lavrov, por sua vez, manifestou esperança na ampliação dos contatos entre estudantes russos e brasileiros através de intercâmbios acadêmicos. A diplomacia russa declarou apoiar totalmente o programa Ciência sem Fronteiras, instituído pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff. O ministro russo acredita que o projeto poderá se tornar uma iniciativa conjunta dos países integrantes do Brics. Assim, os jovens desses países poderão visitar-se mutuamente não só para fazer turismo como também para melhorar sua formação.

Os ministros foram unânimes em declarar a semelhança das visões da Rússia e do Brasil sobre a situação internacional e a proximidade de suas posições em foros internacionais. “A Rússia e o Brasil têm participado de forma empenhada da construção de um novo mundo policêntrico”, disse Lavrov.


Lavrov e Patriota abordaram também a situação no Oriente Médio e no norte da África, declarando-se confiantes na necessidade de contribuir para o início de um diálogo político e o fim da violência na Líbia e Síria. O ministro russo expressou a posição do Brics sobre o conflito na Líbia: “O principal objetivo decorrente da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas é a proteção da população civil, que continua morrendo enquanto não vemos o fim desse triste processo”.

“Não podemos deixar de nos preocupar com a maneira como estão sendo cumpridas as Resoluções do Conselho de Segurança da ONU. O roteiro líbio não se repetirá se tudo depender dos países do grupo Brics. Acho que, a partir de agora, o Conselho de Segurança não será indiferente à situação e cumprirá suas resoluções. E nós certamente teremos isso em conta em nosso futuro trabalho”, assinalou o ministro russo.

Patriota disse que os dois países apoiam os povos árabes em luta pelo direito de viver em sociedades mais democráticas, recordando, contudo, a necessidade de serem respeitadas as regras internacionais e ser mantido o papel central das Nações Unidas nos assuntos internacionais. Para o chanceler brasileiro, o importante é buscar estratégias capazes de ajudar a acabar com a violência. 

Sergêi Lavrov e Antônio Patriota abordaram também as vias da futura cooperação dos dois países na ONU e prometeram que a Rússia e o Brasil continuarão coordenando seus esforços durante a Assembléia Geral da ONU que começará seus trabalhos em Nova York em duas semanas. “Tivemos negociações oportunas e proveitosas”, concluiu Lavrov.

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