Estudo da escola superior de economia
Nos meses seguintes à queda da União Soviética, os produtos ocidentais, antes proibidos pelo Partido Comunista, inundaram o país. Vendedores de rua abasteceram suas barracas com papel higiênico macio, jeans da Levi’s, sapatos de qualidade e cigarros de marcas estrangeiras. Mas qual a vantagem dos produtos de qualidade se não há dinheiro para consumi-los?
“Muitas pessoas anseiam pelo passado, época em que a vodca custava 3,62 rublos, a salsinha saía por 2,20 rublos, e o pão, apenas 13 copeques. Hoje, não se compra nada com um rublo”, diz Margarita Vodiánova em uma reportagem do jornal Óbschaia Gazeta.
O salário mínimo de um russo logo após a queda da União Soviética, em 1991, era de 548 rublos por mês – o equivalente a 72 centavos de dólar americano, considerando a taxa de câmbio – de acordo com Evguêni Gavrilenkov, economista-chefe do banco de invesimento Troika Dialog.
Mas isso ainda era suficiente para ter uma vida decente, já que o Estado fornecia moradia, educação, serviços, assistência médica, creches, férias e casas de repouso. Embora nada disso fosse particularmente de boa qualidade, o acesso a tais benefícios era universal e gratuito.
Com o salário mínimo padrão, era possível comprar 74 pacotes de pão de forma ou escolher entre: 6,2 kg de carne, 6,5 kg de linguiça, 13,5 litros de óleo vegetal, 163 litros de leite, 6 kg de queijo, 160 ovos, 28 kg de açúcar ou 3,5 litros de vodca.
Um estudo recente da Escola Superior de Economia em parceira com a revista Ekspert sobre as mudanças do padrão de vida dos russos entre 1990 e 2009 constatou que a renda per capita aumentou em 45%. Enquanto isso, o volume de consumo per capita mais do que dobrou, de acordo com os índices de consumo baseados no PIB.
Medindo a qualidade de vida em posses, os russos estão vivendo muito melhor hoje em dia que há 20 anos. Em 2008, um consumidor podia comprar 70% mais bens duráveis, 25% mais comida, e duas a três vezes mais cigarros, vodca, carros e roupas, do que na era soviética.
Ao mesmo tempo, porém, as despesas familiares com educação e cuidados médicos aumentaram substancialmente. A pesquisa aponta que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as despesas com planos privados representam, hoje, 40% dos gastos totais dos russos na área da saúde – um nível bem acima da média na União Europeia.
A média de espaço vital cresceu cerca de 40% ao longo das últimas duas décadas, atingindo o nível atual de 22 metros quadrados per capita - embora ainda se esteja bem atrás de países como a Finlândia, onde esse índice em 2009 correspondia a 39 metros quadrados per capita.
O aumento de 45% da renda é baixo para um período de 20 anos, especialmente porque as receitas caíram durante a maior parte dos anos 90 e só começaram a crescer após a crise financeira de 1998. E, embora a maioria das pessoas goze de rendas mais altas hoje que há 20 anos, a pesquisa mostrou que um em cada cinco russos vive atualmente abaixo de linha da pobreza, em condições piores do que na época dos comunistas.
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