Kim Jong-il faz visita surpresa à Rússia

Foto: RIA Nóvosti

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Iniciada no sábado passado, visita do líder norte-coreano ao país dá o que pensar aos especialistas dos segredos da corte norte-coreana.

Kim Jong-il está na Rússia. A bordo de um trem blindado, olíder da Coreia do Norte iniciou viagem pelo país no último sábado (20), tendo como parada inicial a cidade de Ulan-Ude, no sul da Sibéria Oriental. Na região, ele teve uma reunião com o presidente russo Dmítri Medvedev.

Jong-il tem uma série de razões para demonstrar seu desejo de se aproximar de Moscou. Da última vez que esteve no país, em agosto de 2002, esteve com dirigentes para traçar negociações informais com o primeiro-ministro Vladímir Pútin, então no mandato de presidente, em Vladivostok. Desde então, recusou-se a receber pessoalmente emissários russos em Pyongyang, entre eles o chanceler Serguei Lavrov. Assim, deixou claro que não encarava os russos como ator importante na região.

Os contatos entre os dois países foram intensificados depois que, na primavera passada, Kim Jong Il recebeu em Pyongyang o chefe da inteligência russa no Exterior, Mikhail Fradkov. Além disso, às vésperas da visita, Moscou fez uma doação generosa ao governo norte-coreano, enviando ao norte da península da Coreia 50 mil toneladas de grãos, maior ajuda humanitária do gênero.

A reunião dos líderes aconteceu na quarta-feira, dia 24, e terminou com um acordo em relação à dívida norte-coreana com a Rússia. De acordo com declarações do vice-ministro da Fazenda russo, Serguei Storchak, o montante equivale a US$ 11 bilhões. Interrogado sobre se a Coreia do Norte confessou o débito à Rússia, ele afirmou: “Este é outro assunto”.

Ao explicar o procedimento para a liquidação de dívidas de países estrangeiros à União Soviética, Storchak disse que, em primeiro lugar, é preciso fazer que a Coreia do Norte reconheça a Rússia como sucessora dos direitos da antiga federação. Em seguida, é preciso chegar a um termo comum quanto à metodologia de conversão de rublos. Por fim, decide-se qual será o esquema de amortização do débito. Para Moscou, o endividamento norte-coreano é um dos fatores que impedem o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre as duas nações.

A dívida é um fator de entrave em um momento no qual as relações entre os dois países oferecem amplas perspectivas, especialmente no que se refere aos projetos de uso do território norte-coreano como corredor de trânsito para a exportação da eletricidade russa à Coreia do Sul. Outras iniciativas dizem respeito à construção de uma linha férrea adjacente à ferrovia transiberiana e, mais importante, à exportação de gás russo via gasoduto.

“Demos instruções às autoridades competentes no sentido de criar uma comissão especial que identifique formas de fornecer gás através do território da Coreia do Norte”, afirmou Medvedev. “A Coreia do Norte está interessada na implantação deste projeto, que também envolve a Rússia e a Coreia do Sul. Agora, vamos realizar um trabalho técnico nesta direção”, completou. De acordo com a mídia sul-coreana, a Coreia do Norte poderá ganhar com isso até US$ 100 milhões por ano.

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