Rússia entra no mercado rodoviário brasileiro

Foto: TASS

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Káma, Sibur e outras importantes fabricantes de pneus estão investindo no companheiro de Brics, aproveitando que o país implantou uma política de sobretaxação dos produtos chineses.

Distribuidora oficial da Nijnekamskshína, a Káma está entrando no mercado automobilístico brasileiro. Recentemente, a empresa russa anunciou a emissão de um lote de pneus de caminhão de aço com de sua marca para o país sul-americano. De acordo com o diretor executivo Rinát Biktimérov, a Coméxport, uma das maiores distribuidoras do produto no mercado latino, receberá pouco menos de cinco mil unidades em 28 contêineres. “Ainda é uma gota de água no oceano”, afirmou ele.

 

Em 2010, a Káma exportou um total de dois milhões de pneus, no valor de quatro bilhões de rublos (R$ 220 milhões). O montante representou cerca de 30% do volume total de suas receitas, que ficaram em torno de 26 bilhões de rublos (R$ 1,43 bilhão de reais). Segundo Biktimerov, os principais clientes da companhia fora da Rússia são os países da CIS; na América Latina, a primeira colocação ficou com o Uruguai.

 

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O diretor afirma que o mercado brasileiro ainda está sendo estudado, mas é considerado pela Káma um potencial parceiro em longo prazo. Em março deste ano, a empresa obteve o certificado do sistema Inmetro, que lhe concede o direito de vender tanto pneus de caminhão quanto de automóveis, produzidos no Tatarstan, no país.

 

Biktimérov conta que, neste caso, a iniciativa coube aos brasileiros, que buscaram alternativas de negócios após a implantação, por parte do governo local, de taxas protecionistas contra os pneus chineses, até então seus parceiros preferenciais. Outras negociações entre a Káma e os empresários do país serão realizadas em outubro, quando a companhia receberá referências sobre a qualidade dos pneus e a sua competividade no mercado do país sul-americano – na mesma época, começará a preparação de sua estratégia para o fornecimento de produtos no ano que vem.

 

Diretor da representação da Comexport na Rússia, Aleksandr Umánski garante que a cooperação não se reduzirá a apenas um lote. “O Brasil é um dos maiores mercados dos pneus do mundo. Ao contrário da Rússia, que dispõe de uma grande rede ferroviária, lá esse tipo de transporte é fraco. Em compensação, o transporte rodoviário é muito desenvolvido”, garantiu. Segundo ele, os pneus produzidos no Tatarstan serão fornecidos ao mercado secundário do Brasil.

 

Concorrentes


Desde o ano passado, a holding Sibur (SPR) atua no mercado brasileiro fornecendo pneus de aço da marca TyRex. Hoje em dia, a companhia exporta anualmente 60 mil unidades do produto. Em 2012, quando a empresa inaugurará uma nova fábrica de pneus de aço (projeto TsMK-650), esse volume podem crescer até 200 mil itens/ano.

 

De acordo com a SPR, o Brasil ocupa uma posição-chave na América do Sul e, ao iniciar atividades no país, a companhia pode reforçar as suas posições no Brics (grupo de países em rápido crescimento, também formado pela Rússia, China, Índia e África do Sul). O volume anual do mercado brasileiro dos pneus de aço para caminhões é de quatro milhões de unidades.

Anatóli Vakulénko, analista da consultoria de investimentos Finam, concorda que o mercado brasileiro de pneus é um dos mais atrativos do mundo. Segundo ele, é muito caro fornecer ao país lotes com pouco volume. Faz sentido: para enviar cinco mil pneus de caminhão por via marítima, a Kama vai gastar entre 15 e 20 milhões de rublos (R$ 825 mil a R$ 1,1 bilhão). Supondo-se que o preço médio do produto é de cerca de 20 mil a 25 mil rublos, como na Rússia, os gastos com logística equivalerão a entre 16% e 20% do custo do lote.  E, de acordo com analista, o valor deve ser ainda maior, pois há a possibilidade da prática de dumping.

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