Onde você estava no dia 19 de agosto?

 Foto: GettyImages

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Vinte anos após a tentativa de golpe de Estado realizada por uma ala do Partido Comunista soviético, algumas figuras políticas relembram os acontecimentos daquele período.

Vladímir Platonov, presidente da Duma de Moscou. Em 1991, era vice-promotor público do distrito moscovita de Moskvorétski

“Estava em serviço e, como de costume, protegendo o Estado. O crime sempre existirá, e assim foi na época do golpe. Portanto, eu estava simplesmente fazendo o meu trabalho.”

       

Aleksandr Lívchits,vice-diretor geral da RusAl (Alumínio da Rússia). Em 1991, era professor do Instituto de Maquinário de Moscou

“Estava em um sanatório próximo a Moscou. Após ouvir sobre o golpe, eu e uma amigo pegamos uma garrafa de vodca, fomos para a floresta e bebemos silenciosamente. Sentados em meio à mata, escutamos o ronco dos motores dos veículos militares seguindo em direção a Moscou. Com a ajuda da vodca, refletimos sobre o que poderia acontecer e nos acalmamos. Mais tarde, outro homem nos irritou um pouco: no dia 19, ele gritou que nem a forca seria punição suficiente para a gente; dois dias depois, começou a nos intimar a enforcar os comunistas.”

 

Boris Nemtsov, presidente do Partido da Liberdade do Povo. Em 1991, era deputado do Soviete Supremo da República Socialista Federativa Soviética da Rússia (RSFSR) 

“Na noite do dia 18 para 19 de agosto, vim para Moscou com a minha esposa e me registrei no Hotel Ucrânia. Logo pela manhã, ouvi falar sobre o golpe e corri para a Casa Branca. Lá, encontrei [Boris] Iéltsin, que me mandou pegar uma arma. Recebi um fuzil Kaláchnikov e uma máscara de gás. Eles me enviaram para as unidades militares dos distritos de Kantemírovski e Dzerjínski a fim de convencer os militares a não apoiarem o Comité Estatal para Estado de Emergência (GKChP).” 

       

Pável Krachenínnikov, presidente do Comitê sobre legislação civil, jurídica, arbitral e processual da Duma Federal. Em 1991, era professor do Instituto de Direito de Sverdlovsk (antiga Ekaterinburg)

“Na noite do dia 19 de agosto, eu estava trabalhando, vigiando alguma loja: embora tivesse PhD em Ciências, tinha um trabalho extra. Depois do fim do meu turno, fui para o jardim de infância buscar o meu filho de quatro anos e, chegando lá, os professores dele me contaram sobre o golpe. Fiquei tão chocado que peguei meu filho e fomos diretamente para uma manifestação popular no centro de Ekaterinburg.”

Viktor Álksnis, político nacionalista e presidente da Marcha Russa. Em 1991, era deputado do povo do Soviete Supremo da União Soviética e inspetor da força aérea no distrito militar do Báltico

“No dia 18 de agosto, fui chamado de volta das minhas férias e, no dia 19, fiquei circulando entre a sede do distrito e o Comitê Central do partido Latvian. Depois peguei um avião e fui para Moscou. Eu simpatizava com as ideias do GKChP e não tinha receio de falar sobre isso, mas estava indignado com a atitude passiva do grupo.”

 

Vladímir Evtuchénkov, presidente do Conselho Administrativo do JSFC Sistema

“Estava nas barricadas, é claro, embora não me lembre de que lado estava. Às vezes, há situações na vida que é melhor deixar passar e nunca mais recordar. O golpe é uma delas.”

       

Aleksandr Korjakov, deputado da Duma e integrante do partido Rússia Unida. Em 1991, era general do KGB e chefe do serviço de segurança de Boris Iéltsin

“Estava no Cazaquistão, com Iéltsin, em uma reunião com o presidente cazaque Nursulatan Nazarbáiev. Voltamos para Moscou à uma da manhã e fomos para Arkhángelskoie. Pela manhã, um funcionário do Kremlin que estava de plantão nos contou sobre o golpe. Rapidamente procurei Iéltsin. Depois disso, o trabalho teve início.”

 

Vladímir Pútin, primeiro-ministro. Em 1991, era diretor do Comitê para Relações Externas da Prefeitura de Leningrado (atual São Petersburgo)

“Estava de férias. Quando tudo começou, fiquei realmente chateado com o fato de estar sabe-se lá diabos onde naquele momento tão importante. Mudei diversas vezes de veículo e cheguei a Leningrado no dia 20. Anatólii Sobtchak e eu praticamente nos instalamos no prédio da prefeitura local. Havia muitas pessoas lá, todos os dias, e estávamos junto com elas. Era perigoso deixar o prédio. Mesmo assim, tomamos várias atitudes: fomos à fábrica de Kírov, falamos com os empregados, nos encaminhamos a outras empresas e, nesses lugares, nos sentimos um tanto desconfortáveis. Chegamos até a entregar armas para algumas pessoas, embora eu mantivesse a minha, do governo, em um cofre. As pessoas nos apoiavam em todos os lugares. Estava claro que, se alguém quisesse reverter a situação, haveria uma grande quantidade de vítimas. De modo geral, foi isso que aconteceu. O golpe acabou e os putschistas foram desmantelados.” 

 

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