Crianças pintando as bandeiras da Rússia e da Ossétia do Sul Fonte: AP
Em 8 de agosto de 2008, tropas da Geórgia entraram em conflito com soldados russos em Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, começando uma guerra que durou só cinco dias. Hoje, porém, as tensões no Cáucaso estão mais fortes do que nunca – a “culpa” é da Rússia, que entrou na OMC (Organização Mundial de Comércio) e reconheceu a independência da Abecásia e da Ossétia do Sul.
A revolta foi motivada pelo desejo das duas repúblicas de obter os mesmos
resultados de Kosovo, que se tornou independente da Sérvia no dia 17 de
fevereiro de 2008, atingindo seu reconhecimento em mais de 70 países. Mas esse
não foi o caso. Após declarar independência, as duas repúblicas foram atacadas
pelas tropas georgianas, forçando o Kremlin a interferir no conflito e defender
os habitantes locais, muitos dos quais detentores de cidadania russa.
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A guerra acabou em poucos dias com a vitória do exército russo. Em seguida, Moscou reconheceu a independência das duas repúblicas, com a expectativa de que o resto do mundo seguisse seu exemplo. Infelizmente, apenas três países assim o fizeram: Venezuela, Nicarágua e o pequeno estado de Nauru, uma ilha no Oceano Pacífico. Esses fatos fizeram que a Geórgia rompesse relações com a Federação Russa e declarasse a Ossétia do Sul e a Abecásia “territórios ocupados”.
A princípio, na época, muitos especularam que a Ossétia do Sul seria anexada à
república russa da Ossétia do Norte, mas autoridades dos dois países excluíram
essa possibilidade. O primeiro-ministro russo Vladímir Pútin argumentou que a
medida dependeria do desejo do povo da região, enquanto o presidente Dmitri
Medvedev disse em uma entrevista recente que não existem premissas legais ou
factuais para que aquilo acontecesse.
Atualmente, a Geórgia permanece um ponto de tensão na comunidade internacional.
Enquanto o governo russo ainda apoia os cidadãos das novas repúblicas
independentes, o país está estreitando seus laços com os Estados Unidos e
pretende ser um dos próximos países a ingressar na OTAN.
Nos últimos tempos, o Senado dos Estados Unidos adotou uma resolução condenando a Rússia por violar a integridade territorial e a independência da Geórgia. Quando perguntado sobre esse fato em entrevista recente ao canal russo de televisão RT, em conjunto com o First Caucasian News Channel, da Geórgia, e a rádio Ekho Mosky, Medvedev argumentou que “essa é uma resolução sem fundamentos. É um Parlamento estrangeiro e que não me afeta de modo algum. Além disso, suas resoluções não representam nenhum interesse para Moscou”.
Na entrevista, o presidente russo também afirmou que, se fosse por ele, pediria
que o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, fosse julgado por um tribunal
internacional por violar leis internacionais. No entanto, ele reconhece que
isso tem baixa possibilidade de acontecer porque alguns países poderosos o apoiam.
As tensões entre os dois Estados também afetaram a eventual entrada da Rússia na OMC, já que a Geórgia questionou a decisão. De acordo com Medvedev, se o governo georgiano pudesse mudar sua posição em relação a esta causa, passos seriam dados para restabelecer as relações econômicas e diplomáticas entre os dois países.
Sergio
Caplan é pesquisador do Centro Argentino de Estudos Internacionais (CAEI).
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