Anatóli Tchubais, presidente da Rusnano. Foto: Serguei Kiselev/Kommersant
Até então, muito pouco se sabia sobre o que a Rusnano (Corporação Russa de Nanotecnologia) realmente faz. Algumas pessoas pensam que é um fundo de investimento e outras, mais uma companhia estatal usada para cobrir os buracos no orçamento, afirmou o presidente da empresa, Anatóli Tchubais, no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, realizado em junho. De acordo com ele, a verdade é a seguinte: a empresa investe em adventos relacionados à nanotecnologia e auxilia essas invenções a se tornarem empreendimentos comerciais.
A Rusnano acolhe, em média, uma em cada vinte propostas que recebe. Ao todo, cerca de cem projetos, selecionados entre mais de dois mil, estão atualmente em estudo. “Geralmente, escuto coisas como ‘você é difícil de lidar, o processo de seleção é longo e muito duro, não vamos trabalhar com você, acharemos outros investidor’”, contou Tchubais. “Mas acredito que a nossa média de aceitação é normal. Além disso, ao contrário de outros investidores, não nos limitamos a colocar dinheiro – também acompanhamos os projetos ao longo de todo o processo”.
A companhia também oferece assistência na prospecção de clientes e na criação de mercado para os produtos finais de seus clientes. A outra missão da empresa é proteger as ideias dos empreendedores para que elas não sejam roubadas, bem como resguardá-los da burocracia e de outras armadilhas.
Por questão de princípios, a Rusnano se recusa a assumir o controle acionário de um projeto e raramente fornece mais de metade da cota de investimento para novas empresas – a maior parcela deve ser privada, e não do Estado. A Rusnano também ajuda na busca por credores e investidores estratégicos. No fórum, Tchubais revelou vários projetos que estão em andamento, todos destinados a produtos de alta tecnologia, usados em sua grande maioria na indústria.
Transmissão de informações
A Connector Optics, de São Petersburgo, será a empresa-base da produção de fibras óticas de alta velocidade na Rússia. A companhia está lançando os chamados lasers verticais, que produzirão o material com capacidade de 80 gigabytes por segundo.
Uma empresa chamada Prujina (em russo, “mola”) foi inaugurada na região de Ijevsk. Como o nome sugere, a companhia fabrica molas, muito superiores às produzidas atualmente na Rússia – na verdade, próximas aos padrões europeus de desempenho. Os produtos da corporação são atualmente usados em vagões dos trens da RZD (Ferrovias Russas), mas há planos de que seu catálogo seja expandido. As molas hoje normalmente utilizadas nas composições russas duram alguns anos, enquanto as produzidas pela Prujina têm vida útil de quase três décadas.
A usina Citronixs-Nano representa o mais ambicioso projeto da Rusnano. Avaliada em 16,5 bilhões de rublos (US$ 592 milhões), a empresa será inaugurada nos arredores de Moscou e deverá gerar lucro de 12 bilhões de rublos até 2015. A usina produzirá chips de 90 nanômetros, que, de acordo com Tchubais, não é um recorde mundial (instalações mais sofisticadas existem na Europa, nos EUA e na Ásia), mas o padrão de microchips usados na maioria dos dispositivos eletrônicos modernos. Esta será a primeira empresa do gênero na Rússia.
A Danaflex, de Cazã, trabalha em um dos poucos projetos da Rusnano que produz bens destinados ao consumo de massa, que é uma tecnologia rara, basicamente usada para a produção de embalagem para alimentos. O produto parece um filme plástico comum usado para vegetais em supermercados, mas traz diferenças em relação à concorrência: tem um revestimento que reduz a quantidade de ar e umidade que penetra através da película, ajudando a preservar a comida por mais tempo. Essa embalagem é um pouco mais cara para produzir, mas permite economia em outros aspectos: requer menos conservantes no preparo dos alimentos e pode ser facilmente reciclada.
Projetos da Rusnano por categoria
Nanomateriais: 44%
Tecnologiasdeenergia eficiente: 15%
Produtos farmacêuticos: 17%
Nanocoberturas: 10%
Óticos e eletrônicos: 10%
Outros: 4%
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