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A suspensão de frigoríficos brasileiros, em vigor desde o dia 15 de junho, certamente causará enormes prejuízos para as empresas brasileiras.
Para se ter uma ideia, em 2010 o Brasil faturou R$ 21,4 bilhões com exportação de carne para 150 países. A Rússia comprou R$ 3,2 bilhões desse total.
Para Luciano Vaccari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a medida foi uma enorme surpresa. Apesar da relação instável com os russos – praticamente todo ano há ao menos um embargo –, a nova posição do parceiro põe em xeque a imagem da produção de carne e da pecuária brasileira.
“Foi desastroso. Mas isso é resultado de uma dependência nossa. Toda vez que você tem uma concentração de venda em um comprador só, fica sujeito a esse tipo de coisa”, acredita Vaccari.
O superintendente da Acrimat reconhece que há uma deterioração na relação e que as novas críticas russas não foram bem aceitas. “Tem coisas que são antagônicas. O Brasil exporta para dezenas de países do mundo, para a União Europeia e Chile, os mais exigentes do mundo na questão de controle de qualidade. E aí a Rússia, que nem é tão exigente assim, vem falar de problemas de controle de qualidade? Não dá para entender”, lamenta Vaccari.
Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), adota tom mais cauteloso. Para ele, as exigências dos russos não fazem parte das normas de inspeção brasileiras e não se adaptam a um país tropical.
“Para nós, essa questão não é técnica, e sim de cunho político, que usa o posicionamento sanitário como argumento”, afirma Salazar. Segundo ele, a Rússia prepara mercado para desenvolver sua indústria interna.
Salazar, no entanto, crê numa solução política. Para ele, o comprometimento brasileiro de atender a certas exigências dos russos com relação ao apoio para a entrada na Organização Mundial de Comércio (OMC) pode ser determinante para a resolução do impasse.
“Quanto a suínos e aves, os russos podem se tornar autossuficientes num futuro próximo, mas quanto aos bovinos são completamente dependentes. Vão precisar sempre de importação e, consequentemente, do Brasil”, acredita Salazar.
Enquanto uma solução política para o problema não aparece, uma missão brasileira, sob orientação do vice-presidente da República Michel Temer se prepara para visitar Moscou.
Os brasileiros levam na bagagem, além das reclamações do setor produtivo, um importante e determinante capital político: a força que a marca “Brasil” vem ganhando em âmbito mundial. Uma associação que pode ser crucial para as ambições russas no plano do comércio internacional.
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