Ilustração: www.superputin.ru
Depois de suas incontáveis demonstrações de força e boa forma - seja caçando tigres, lutando judô ou dirigindo caminhões de fórmula truck - o ex-presidente e atual primeiro-ministro Vladímir Pútin acaba de virar super-herói de um gibi online intitulado “Super Pútin” (www.superputin.ru).
“A gente queria mais alegria na política. Não queríamos deixar que as próximas eleições [presidenciais de 2012] se passassem da mesma forma chata como foram as últimas”, explica Serguêi Kalenik, 26, idealizador dos quadrinhos.
Segundo ele, a ideia apareceu quando a desenhista Magdalena Krouli, 21, pediu para passar alguns dias em sua casa enquanto procurava apartamento para alugar em Moscou. Enquanto a estadia de Zashtopik, nickname pelo qual é conhecida a artista na internet, se prolongava, Kalenik resolveu usar a especialidade da amiga como forma de pagamento.
O gibi começou a ser produzido em abril e já foi traduzido para cinco línguas, além do original em russo. Os autores pretendem lançar em breve versões em português e espanhol.
Entrevista: Serguêi Kalenik
Por que vocês resolveram fazer as histórias em quadrinhos?
A gente queria fazer uma HQ sobre super-heróis, mas fazê-lo de uma forma muito engraçada, porque nossa política, em nosso país, eu acho que é muito engraçada, talvez da mesma maneira como no Brasil seja. Todos engolem essa história de que a rapaziada, quer dizer, o Pútin e o Medvedev, só trabalham, não têm nenhuma briga política entre eles. E toda a oposição no nosso país é muito estranha: não dá para entender o que eles fazem da vida. Eles não são parte do poder, não fazem política. Então, a oposição inexiste no país. São tipo uns zumbis, e por isso resolvemos mostrar tudo assim como é.
Ilustração: www.superputin.ru
Quem faz o gibi?
Eu escrevo o roteiro, a Zashtopik desenha. Para mim, ela é a melhor artista da Rússia, sem comparação.
Vocês não têm medo de uma repreensão?
A gente não tem medo. A política na Rússia não é tão assustadora, no mundo todo a política é uma coisa amedrontadora. Além disso, a gente não está ofendendo ninguém, nossa HQ é muito positiva, todos gostam. Na verdade, ela nem é tão política, a gente só mostra com graça diversos personagens. Zumbis com baldes azuis na cabeça [uma ironia ao movimento contra o uso de luzes giroflex por oficiais e magnatas]. Essa gente não deve se ofender por isso, já que não é todo dia que desenham quadrinhos sobre eles.
Por que vocês decidiram colocar, no final de cada série de quadrinhos, a enquete “quem enomendou essa HQ?
Na verdade a gente pensou que a primeira pergunta que viria à cabeça do leitor seria “quem encomendou?” Outras questões nem interessariam. Aí a gente resolveu fazer a enquete, dando como alternativas de resposta [a bailarina Anastassia] Volotchkova, [o empresário Mikhail] Khodorkóvski, [o cientista político Gleb] Pavlóvski etc. E no final botamos “Qual é o seu problema? Você acha que eu sou idiota?” Se o leitor escolher essa pergunta, então ele cai em outra enquete, mais séria, mas ainda mais absurda. Afinal, o Khodorkóvski está encarcerado numa prisão, o Pavlóvski foi “demitido” da política...
Vocês pretendem publicar uma versão impressa da HQ?
A gente publicou só no site, já que na Rússia não há uma editora que publique HQs – e, além disso, a gente não tem dinheiro para isso. Por isso, se quiserem nos publicar no Ocidente, a gente consente com prazer!
Vocês se consideram oposição?
Oposição?! Não, não nos consideramos oposição. Não, de jeito nenhum! Nós somos zumbis! Cé-re-bros! (Risos)
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