Quinto banco a abrir capital no país, Nomos será opção intermediária para o portfólio russo/Foto: Getty Images/Fotobank
Quando o banco Nomos realizou o primeiro IPO de um banco comercial privado na Rússia, no meio de abril, o ano ainda não tinha começado para as ofertas públicas iniciais de ações. Cinco empresas russas tentaram vender suas ações em fevereiro, mas os proprietários se excederam no preço, e o resultado ficou longe do esperado.
Apenas uma oferta de ações secundárias do gigante banco estatal VTB e um pequeno IPO de US$ 16 milhões em Frankfurt pela cadeia de pizzarias Papa John ultrapassaram a arrecadação.
Depois do recorde de US$ 54 bilhões na primeira metade de 2008, os 22 IPOs dos últimos dois anos levantaram apenas US$ 12 bilhões.
Um dos maiores bancos russos, o Nomos, angariou US$ 710 milhões na Bolsa de Valores de Londres, com 22% das ações flutuando próximas ao índice máximo de sua variação de preço.
Com a arrecadação, o Nomos, que apresentava baixos fundos após ter adquirido o Banco Khanti-Mansisk, em dezembro, será recapitalizado.
A demanda reprimida por IPOs entre os empresários está crescendo rapidamente, mas ainda não foi acompanhada pela demanda de investidores internacionais. Analistas afirmam que pelo menos US$ 50 bilhões devam ser lançados em IPOs nos próximos dois anos.
Embora as ações do Nomos tenham sido fixadas a um valor próximo ao topo da variação, o valor foi baixo.
O preço do IPO avalia o banco em US$ 3,2 bilhões ou 50% mais que o valor de tabela – que correspondia ao dobro disso antes da crise.
“Os investidores não estavam completamente convencidos, então foram diretos em relação ao preço”, afirma um banqueiro que cuidava do IPO antes do anúncio.
“Antes da crise, os proprietários estipulavam o quanto quisessem e, para ser sincero, os investidores estavam dispostos a pagar. Agora as empresas precisam se conter e os investidores estão exigindo um desconto saudável”, completa.
Antes da crise, a maioria dos IPOs russos tinha o preço fixado pelo rápido crescimento. Em outras palavras, eles eram caros e quase todos apresentavam desempenho inferior em sua variação (com algumas notáveis exceções).
O sucesso do IPO do Nomos destaca a crescente atratividade das ações russas. O país é o único dos Brics a ter entrada líquida de investimento em carteira desde janeiro.
Além disso, o setor bancário em rápido crescimento se mantém o preferido entre os investidores e foi um dos primeiros a se recuperar da crise de 2008.
“Muitos investidores estão olhando para o Nomos simplesmente porque ele está no lugar certo na hora certa, e não por sua evolução histórica”, diz David Nangle, diretor de pesquisa no Renaissance Capital. “Com o Nomos, criam-se ações de médio porte com liquidez decente, tapando um buraco em muitas carteiras de investidores dedicados à Rússia”, analisa.
A Rússia tem quatro bancos de capital aberto: os estatais Sberbank e Banco VTB, que juntos somam bem mais da metade de todo o setor bancário russo em ativos, e os menores Banco Vozrojdenie e Banco São Petersburgo, que têm uma liquidez combinada de US$ 300 milhões e não realizaram formalmente IPOs.
O IPO do Nomos é uma novidade bem-vinda que fica entre esses dois grupos, com US$ 700 milhões no mercado de ações.
O Nomos é mais um grupo bancário financeiro-industrial clássico, que dominava os negócios na década de 1990, do que um tradicional banco universal.
A maior parte das arrecadações do Nomos vem de transações bancárias corporativas, já que 50% de suas ações mais uma pertencem ao Grupo IST, holding de São Petersburgo que tem participação expressiva em engenharia, mineração e transporte de ouro.
A maioria dos bancos bem-sucedidos na Rússia cresceu devido ao apoio de grupos industriais relacionados, os quais usam como plataforma para construir um negócio mais diversificado.
No caso do Nomos, o retorno sobre capital próprio foi de 18% a 20% em 2010, contra as médias do setor na ordem de 3% a 5%. “O Nomos está em ótima posição, se comparado ao resto do setor”, diz o analista da Uralsib, Leonid Slipchenko.
Segundo ele, o Nomos teria sofrido menos que a maioria dos bancos russos durante a crise e possuiria bons ativos, além de forte base financeira.
“Como a economia está se recuperando, ele está realmente em uma posição muito forte, o que atrai a atenção dos investidores”, completa.
Aleksandr Krapivko,
diretor de operações do banco de investimentos Renaissance Capital
" A lição extraída dos IPOs de baixo desempenho é que o preço não estava correto. No entanto, como em qualquer outra bolsa de valores, o risco é do comprador e os investidores devem fazer sua lição de casa"
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