Poklonnaya Gora (Colina do Arco) no Parque Pobedi/Foto:RIA Novosti
Todos os anos, no dia 9 de maio, o desfile que celebra o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória das tropas russas toma conta da Praça Vermelha e se estende pelas principais ruas de Moscou. O desfile do ano passado, que marcou o 65º aniversário do Dia da Vitória, foi o maior desde o período soviético e, surpreendentemente, incluiu tropas britânicas, americanas e de outros países estrangeiros, bem como uma grande quantidade de aparato militar. Entretanto, não é preciso visitar Moscou em maio para ver de perto os tanques e os uniformes militares. A cidade está cheia de monumentos a soldados de todas as categorias e museus que homenageiam seus feitos.
Monumentos que remetem à Segunda Guerra Mundial (ou Grande Guerra Patriótica, como é conhecida na Rússia) – da Tumba do Soldado Desconhecido, abaixo dos muros do Kremlin, ao enorme complexo de monumentos no Parque Pobedi – estão espalhados por toda a cidade. Uma estátua do líder das tropas soviéticas, marechal Gueórgui Jukov, em seu cavalo se impõe diante do shopping center Okhotni Riad, a alguns passos da Praça Vermelha. Há outro monumento em homenagem ao combatente em uma rua que também leva o seu nome, situada na zona oeste da cidade.
Fotos:Lori Fotobank
A extraordinária dimensão e variedade dos prédios e museus encontrados ao longo do Parque Vitória é compatível com o enorme número de perdas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial. O simbolismo é abundante: cada dez centímetros do altíssimo obelisco de 142 metros em frente ao museu representa um dia da guerra. Ali perto, um suntuoso São Jorge em bronze decapita um dragão coberto pela suástica.
Do lado de dentro, o Hall da Tristeza possui 26 mil lágrimas de cristal, que simbolizam os 26 milhões de soviéticos mortos na guerra. A decoração do Hall da Fama, localizado no topo da escadaria enfeitada com folhas de orvalho, conta com relevos em gesso das “cidades-herói” – o espaço é utilizado para formatura de militares. O museu possui diversos painéis de cada estágio da guerra e seis dioramas artísticos, referentes às principais batalhas. Já o parque contém uma coleção ao ar livre de veículos militares, submarinos e tanques, bem como uma igreja, uma sinagoga e uma mesquita.
A estação de metrô Parque Pobedi, em Moscou, assim como grande parte do complexo, também foi concebida pelo monumental escultor e artista Zurab Tsereteli. Possui as maiores escadas rolantes da Europa, mas não é a única a ter aspectos militares. A mais espetacular é a Komsomolskaia, na linha circular, cujos mosaicos são um curso intensivo sobre a história das guerras russas, desde a medieval Batalha do Neva até a vitória de 1945. Diversas outras estações da linha marrom foram construídas logo após o fim da guerra e, em sua decoração, refletem os triunfos e as tragédias dos confrontos.
Próximo à nova estação de metrô Dostoievskaia, este enorme museu examina um século dramático da história russa. Dentre as 800 mil atrações, existem dioramas da guerra civil, destroços de um avião de espionagem americano U-2 e o estandarte real nazista do Palácio do Reichstag em chamas capturado pelo Exército Vermelho. Há um modelo do primeiro desfile do Dia da Vitória da história na Praça Vermelha e uma exposição de uniformes do Exército local, mostrando a evolução do estilo militar ao longo dos anos.
Um míssil e um tanque T-34 dão boas-vindas aos visitantes do museu, enquanto o pátio interno é repleto de lançadores de míssil, tanques e helicópteros. Para a felicidade das crianças que visitam o museu, é possível subir nessas máquinas. O anfiteatro do Exército Vermelho, em formato de estrela, ostenta a bandeira em seu topo e recobre a área. O vizinho Parque Iekaterininski é dedicado aos veteranos de guerra.
Perdido na antiga Vila Olímpica, perto de Iugo-Zapadnaia, há um museu dedicado exclusivamente à Batalha de Moscou, que aconteceu durante o rigoroso inverno de 1941. Comparado ao gigantesco Parque Pobedi, o local possui uma atmosfera mais intimista, mesmo não sendo tão pequeno assim. Entre os objetos em exposição, estão paraquedas, vagões de trem e dirigíveis.
Há também uma motocicleta alemã, estacionada entre os familiares cartazes patrióticos (“A Pátria te Chama”, “Nós Defenderemos Moscou” e outros). Existem ainda artigos pessoais, cartas e fotografias. Em um baú cheio de brinquedos e livros infantis, uma mensagem a lápis diz “Mamãe, leve-me para casa. Aqui não é um bom lugar”. Um cartão de Natal pintado à mão traz a seguinte inscrição “Ao papai, no front de batalha: combata os fascistas”.
A Segunda Guerra Mundial não
foi o único período histórico em que um exército inimigo se viu obrigado a
recuar por causa do inverno russo. Em Moscou, as guerras napoleônicas também
deixaram sua marca nos encontros heroicos e sangrentos que, seis décadas
depois, inspiraram o livro “Guerra e Paz”, de Tolstoi. Os moscovitas queimaram
e reconstruíram sua cidade no início do século 19. O próximo ano marca o 200º
aniversário da batalha de 1912, em que os exércitos russos e franceses entraram
em choque perto do vilarejo de Borodino.
Todos os anos, no primeiro domingo de setembro, milhares de pessoas, vestidas a caráter, se juntam nos campos onde a batalha ocorreu para fazer encenações. É possível visitar a infinidade de monumentos e museus em qualquer época do ano. Também dá para ver o lugar onde o general russo Piotr Bagratión foi derrotado e explorar os caminhos abertos durante a Segunda Guerra Mundial, época em que duras batalhas tomaram mais uma vez a região. Borodino fica a 130 quilômetros de Moscou e se torna uma viagem rápida e interessante quando feita de trem.
Para aqueles que preferem ficar na cidade, o Museu Panorama Borodino possui quadros vívidos (com efeitos sonoros!) recriando a batalha de 15 horas em que 100 mil soldados morreram. Atrás do prédio redondo que abriga o panorama, encontra-se a choupana do marechal Mikhail Kutuzov, que conduziu as tropas russas. A casa parece um tanto desgastada, mas uma estátua reluzente do combatente se impõe orgulhosamente na principal via, Kutuzovski Prospekt, que recebeu esse nome em sua homenagem. Existem, aliás, diversos monumentos de guerra ao longo dessa agitada rua, incluindo uma estátua de Bagratión a cavalo sacudindo sua espada para os carros e um enorme obelisco da cidade-herói no cruzamento próximo a Kievskaia.
Para visitar:
Complexo de monumentos do Parque Pobedi
3 Ploschad Pobedi, 142 4185, metrô Parque Pobedi
De terça a domingo, das 10h às 18h
Museu Central das Forças Armadas
2 Ul. Exército Sovetskoi, 681 4877, metrô Dostoievskaia
http://www.cmaf.ru/eng/index_eng.htm
De quarta a domingo, das 10h às 17h
Museu da Defesa de Moscou
3 Vila Olímpica, Michurinski Prospekt, 430 0549
De terça a sábado, das 10h às 18h
Museu Borodino
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