Em alta, gás natural é a aposta

Demanda por gás russo deve aumentar até 10% este ano/Foto:Photoxpress

Demanda por gás russo deve aumentar até 10% este ano/Foto:Photoxpress

Para competir com o Nabucco, gasoduto projetado para livrar a Europa da dependência russa, Kremlin anuncia usina de processamento de GNL na península de Iamal, na costa ocidental do país.

No extremo leste da Rússia, a ilha de Sakhalin tem uma usina de GNL (gás natural liquefeito) que destina grande parte de sua produção ao Japão. Agora, o Kremlin anuncia planos para a construção de outra planta similar para o processamento de gás na península de Iamal, lar dos maiores campos de produção de gás da costa ocidental do país.

“A construção de uma usina de GNL em Iamal poderia representar uma alternativa ao fornecimento de gás natural à Europa através do problemático projeto do gasoduto Corrente do Sul [do russo, Iújni Potok ]”, disse o ministro da Energia, Serguei Shmatkó. O ainda incerto Corrente do Sul ligaria campos de gás russos ao sudeste europeu, mas compete com o Nabucco, um gasoduto promovido pela União Europeia que passaria fora do território russo e ligaria a Europa diretamente às vastas reservas de gás do Cáucaso e da Ásia Central. Ambos enfrentam disputas geopolíticas em todos os países previstos no trajeto.

Oferta e procura

Com o aumento do preço do petróleo, o gás está novamente ganhando destaque. O banco VTB Capital estima que a interrupção do fornecimento de petróleo à Europa provocada pela guerra civil na Líbia poderia gerar um aumento de 10 bilhões a 15 bilhões de metros cúbicos nas exportações de gás da Rússia, ou seja, um acréscimo de 7% a 10% nas exportações totais da Gazprom só neste ano.  

“Acreditamos que o aumento do preço seja reflexo da antecipação do mercado à demanda por GNL, que será maior que o esperado com os esforços do Japão para compensar a perda de sua capacidade em energia nuclear”, afirma Lev Snikov, analista do banco de investimentos VTB Capital.

A Novatek, empresa privada líder na produção de gás natural na Rússia, investiu US$ 526 milhões em ações que correspondem a 25,1% da usina de Iamal, ainda em planejamento. “A Novatek espera para fim de 2012 uma decisão final de investimento no projeto de GNL em Iamal”, afirmou o presidente da organização, Leonid Mikhelson. A empresa também assinou um memorando de entendimento com a francesa do gás e petróleo Total, que deve adquirir 20% da Iamal, além de uma participação inicial de 12% na Novatek, que lhe custou US$ 4 bilhões e poderá ser ampliada até 20% durante os próximos três anos.

Dentro de sete anos, a construção da Iamal, no valor de US$ 20 bilhões, resultará na maior usina da Rússia para transporte de gás. “Também se espera que a companhia petroquímica russa Sibur assuma o controle da usina de GNL do Báltico das mãos da Gazprom Germania (subsidiária do monopólio estatal de gás Gazprom e da empresa estatal de transporte marítimo Sovcomflot)”, disse Aleksandr Krasnenkov, presidente da GNL do Báltico, em entrevista à revista Gazprom.

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