Nos supermercados, oferta chega a 70 tipos de vodca/Foto: AFP/eastnews
Ao entrar no Perekriostok, um supermercado popular de Moscou, é impossível deixar de notar o tamanho da seção de bebidas. Os clientes podem escolher entre mais de 70 tipos de vodka e 30 de conhaque, e com menos de R$ 10 pode-se comprar uma garrafa de bebida.
Em pesquisa recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Rússia ficou em quarto lugar na lista de países que mais consomem álcool, atrás da pequena Moldávia, da República Tcheca e da Hungria. Mas, quando o assunto é destilados, a Rússia é a número um.
Baseado em estatísticas de 2006, o estudo mostra que os russos bebem, em média, 15,7 litros de álcool puro por ano. Desses, 63% vêm de destilados, 22% da cerveja e somente 1% do vinho.
“As consequências desse hábito são mortais. É a dependência de destilados que eleva a taxa de mortalidade”, afirma o diretor do Instituto de Estudos Demográficos, Igor Beloborodov.
Em 2009, relatório publicado no periódico médico britânico The Lancet afirmava que metade das mortes de russos entre 15 e 54 anos eram causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Foram analisados mais de 49 mil óbitos entre 1990 e 2001 em três cidades da Sibéria e chegaram à conclusão de que três milhões de vidas poderiam ser poupadas com a redução do consumo.
Como o hábito de beber é um traço cultural masculino no país, o vício, que contribui também para a enorme incidência de doenças cardíacas, é um dos principais fatores para a baixa expectativa de vida entre os homens. Na Rússia, para cada 10 mil habitantes, 20 mortes são atribuídas ao álcool, enquanto na vizinha Suécia o índice é de 2,7 mortes.
Algumas medidas começaram a ser tomadas. Moscou aprovou uma lei banindo a venda de bebidas alcoólicas entre 22h e 8h. A proibição, entretanto, não se aplica à cerveja. Outro problema grave no país é a venda de produtos alcóolicos ilegais. “Eles estão disponíveis em todo lugar e são baratos, chegando a um terço do preço do produto legal”, diz Martin McKee, professor de saúde pública. Já se iniciou um combate ao uso dos fluidos para fabricação das bebidas, encontrados em colônias e em produtos anticongelantes e médicamentos contendo etanol. “Os fabricantes agora devem registrar os produtos como uma forma de limitar a sua venda no mercado ilegal de bebidas”, disse McKee.
Os preços da vodca também aumentaram, e o presidente Dmítri Medvedev apresentou em março uma nova lei à Duma (a câmara dos deputados) com mais restrições. “Existem alguns sinais de melhora atualmente”, afirma McKee, dizendo que, contudo, é muito cedo para se ter certeza de que esse progresso vai continuar.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: