Fumaça toma o porto de Tagajo, prefeitura de Miagi, logo após forte terremoto e tsunami /Foto:AFP/East News
Especialistas destacados da indústria nuclear russa foram chamados para analisar a situação da usina nuclear japonesa danificada. De acordo com eles, a estação, que foi construída por americanos há 40 anos, estava velha e degradada. A Rússia não possui usinas nucleares em tal estado.
“Sou obrigado a comparar o acidente na usina de Fukushima com Tchernobil,” disse Vladímir Asmolov, vice-diretor da agência nuclear russa Rosatom e um dos principais experts que lidaram com as consequências do acidente na Ucrânia.
“Em Tchernobil, o nível de radiação no meu escritório era de 250 milliroentgen e ficamos nessa área durante oito horas por dia ao longo de diversas semanas. Em Fukushima, a contaminação na usina atingiu o pico de 100 milliroentgen. De acordo com os padrões da Agência Internacional de Energia Atômica, isso não representa uma ameaça real à saúde da população”, afirmou.
“Além disso, a radioatividade, ao contrário de Tchernobil, produz radioisótopos de curta duração dos gases inertes xênon e criptônio. O pânico e o medo de radiação são os piores fatores para os seres humanos. Estou seguro de que a população poderia ter permanecido em suas casas em Fukushima e de que não havia necessidade da retirada de centenas de milhares de pessoas. Mas essa foi uma decisão do governo japonês”, garantiu o vice-diretor.
“No Japão, dois desastres naturais se sobrepuseram: um poderoso terremoto e inundações extremas. E, de modo geral, esse tipo de situação não poderia ter acontecido aqui”, disse Asmolov. “A usina de Fukushima tem quarenta anos e apresenta falhas, apesar de toda a sua modernização. Em especial, possui apenas um ciclo de resfriamento, enquanto as usinas nucleares russas têm sistema duplo. Se algo do gênero ocorresse aqui, transferiríamos água do segundo ciclo para o primeiro.”
“Sem abastecimento de energia, os japoneses tiveram que gastar um bom tempo procurando um jeito de inundar o reator usando água do mar. Houve uma explosão e essa instalação foi danificada. No entanto, a unidade não sofreu danos e isso é importante em termos de segurança. Os japoneses agiram corretamente e sacrificaram dois reatores para que o acidente não tomasse maiores proporções. Não há motivos para reconstruir essas unidades”, finalizou.
“Qual seria o pior cenário possível?”, questionou Asmolov. “Se todos da usina a abandonassem por alguma razão e as coisas fugissem do controle. O quadro de funcionários estabelecido pela [agência nuclear russa] Rosatom após o acidente no Japão chegou a levar tal alternativa em consideração”.
“Nesse caso, os radioisótopos começariam a penetrar o solo dentro de oito dias. No entanto, ninguém vai abandonar a usina e a situação está sob controle. Eu não vejo como esse acidente no Japão poderia afetar o território russo. Devo enfatizar que o país está recebendo informações em tempo real sobre a situação da usina nuclear em Fukushima por meio da agência de Moscou da Associação Mundial dos Operadores Nucleares”.
“É ridículo falar sobre os danos desse acidente se considerarmos a tragédia que o Japão está tendo de enfrentar por conta do tsunami”, disse Rafael Arutiunian, outro especialista em energia nuclear. “As consequências são um tanto díspares. Note que ninguém morreu por causa de exposição à radiação. Na Rússia, uma usina nuclear tem gerador próprio de 24 horas de duração caso haja queda de energia externa. E as que estão sendo construídas hoje serão capazes de operar por 72 horas com eletricidade própria, o que representa um longo período”, considerou. “Em Fukushima, o gerador durou apenas seis horas. Mas nem mesmo isso ajudou, pois os motores a diesel foram inundados pela água do mar e pararam de funcionar.”
Esse material é um resumo da versão original
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