Nova onda migratória parte de países emergentes da Ásia/Foto: Ilia Varlamov
Como parte da estratégia para fortalecer pequenos e médios negócios e conter a crescente queda demográfica na população economicamente ativa do país, a Rússia pode receber até 20 milhões de trabalhadores estrangeiros entre os próximos 10 a 15 anos.
A notícia surge num momento de tensões étnicas e ameaças de linchamento contra imigrantes. No final de novembro, por exemplo, trabalhadores estrangeiros tiveram que deixar a cidade de Khotkovo, nos entornos de Moscou, depois que uma briga entre russos e tadjiques culminou na morte de um jovem de 25 anos.
Para aliviar as tensões, as autoridades têm realçado o novo tipo de trabalhador que será recebido no país. Ao invés de mão de obra de baixo nível técnico proveniente da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), a ideia é tornar a Rússia um país mais atraente para profissionais altamente qualificados.
“Não queremos apenas um homem com uma pá e uma vassoura. A batalha é pela classe criativa”, disse o presidente do grupo de pesquisa de negócios Opora Rossii, Serguei Borisov, em uma reunião da Câmara Pública.
A ideia é seduzir profissionais experientes, empreendedores, investidores e mão de obra qualificada apenas para as áreas em que há maior demanda. Para tanto, profissionais qualificados receberão direito de residência permanente – algo que não se refere apenas à obtenção de vistos, mas também proporcionará aos imigrantes os mesmos direitos relacionados a saúde e aposentadoria dos cidadãos russos.
“Não se trata de eles serem muitos – mas sim de sermos poucos”, disse o chefe do FMS (Serviço de Migração Federal), Konstantin Romodanovski.
A população ativa na Rússia é hoje de 88,6 milhões de pessoas, e há previsões de que caia para 77,1 milhões dentro de 15 anos.
O tradicional fluxo de trabalhadores da antiga União Soviética – especialmente das repúblicas da Ásia Central – parece estar caindo, gerando uma nova onda de imigrantes provenientes da Índia, da China e de outros países de economia emergente da Ásia.
No início deste ano, surgiram outros sinais de que a Rússia estaria procurando profissionais qualificados do exterior para ajudar a erguer a economia do país.
Foram adotadas reformas consideradas revolucionárias referentes às permissões de trabalho, simplificando os pré-requisitos para emprego de mão de obra qualificada. As medidas foram elaboradas para incentivar talentos a apoiarem e aderirem ao projeto de Skôlkovo, o Vale do Silício russo planejado para os arredores de Moscou.
Em setembro, entretanto, anunciou-se que a cota para trabalhadores estrangeiros poderia ser reduzida em 2001, diminuindo em quase 10% o número de profissionais convidados a participar da população ativa da Rússia.
Na véspera de sua nomeação, em outubro, o novo prefeito de Moscou, Serguei Sobiânin, afirmou que moscovitas devem ter prioridade nas oportunidades de trabalho.
O apelo populista de Sobianin para que os postos de trabalho sejam reservados à população local ganha proporções assustadoras quando tomado por ultranacionalistas russos.
No último dia 11, um protesto contra a morte de um torcedor do clube de futebol Spartak reuniu cerca de duas mil pessoas - não apenas torcedores - que levantaram a bandeira da “Rússia para os russos” na praça Manej, no centro da cidade. A confusão resultou num saldo de 30 feridos e 65 detidos.
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