Mechel compra ativos da Cosipar

Negócio teria sido fechado por US$ 250 mi / Foto: Reuters/Vostock-Photo

Negócio teria sido fechado por US$ 250 mi / Foto: Reuters/Vostock-Photo

Com aquisição, empresário Igor Zuzin passa a controlar 75% das ações. O restante será administrado por joint-venture entre as empresas.

Depois de alguns meses de negociações, Igor Zuzin, o principal acionista do grupo russo de mineração e metalurgia Mechel, adquiriu ativos da companhia brasileira Cosipar. O empresário agora possui um alto-forno da Cosipar e dois de sua filial Usipar, todos no Estado do Pará. Somados à aquisição da siderúrgica inglesa Mir-steel, os novos ativos formarão um único empreendimento, do qual 75% serão controlados por Zuzin e 25% por uma joint-venture entre a Mechel e a Cosipar. Segundo as previsões da Cosipar, a fábrica paraense iniciará a produção de 2 milhões de toneladas de aço por ano e aumentará a produção de ferro-gusa para 3 milhões de toneladas até 2012.

 “Avaliando as estatísticas de produção, os ativos da Cosipar poderiam custar em torno de US$ 1 bilhão, mas como a companhia brasileira estava à beira da falência, a Mechel pode ter recebido um desconto considerável” , disse o consultor Dmitri Kumanovski, da companhia de investimentos Lenmontajstroi. Segundo ele, “os ativos brasileiros podem ter custado a  Zuzin cerca de US$ 250 milhões”.

A Mechel está entre as maiores empresas da Rússia e lidera o mercado doméstico de coque (detém mais de 20%), figurando entre os cinco maiores produtores do insumo no mundo. Terceira maior produtora de carvão na Rússia, a companhia destaca-se na extração de carvão vegetal, coque, ferro-gusa e aço.

Mineradora construiria porto no Pará em troca de subsídios / Foto: Reuters/Vostock-Photo


Para Igor Zuzin, dono de 60% da Mechel, os ativos da Cosipar são um bilhete de entrada para o mercado metalúrgico brasileiro. A ascendente economia do país deve enfrentar uma demanda de ferro e seus derivados para realização de grandes projetos de investimento.

Segundo dados da Cosipar, o mercado mundial também tende a crescer, e o Brasil pretende seguir os passos da China, onde o consumo subiu mais de 10% em 2010 com o programa governamental de estímulo à economia. Como o consumo per capita de ferro na China ainda é 1,8 vezes menor que em países desenvolvidos, o Brasil torna-se um mercado potencial para a metalurgia russa.

Com a aquisição, a Mechel poderia ainda construir um terminal portuário no Estado do Pará, cujo governo já teria demonstrado interesse na empreitada. A companhia russa receberia subsídios fiscais em troca das obras de infraestrutura.

“Levando coque, recurso deficitário no Brasil, de sua mina em Bluestone [nos EUA] para as fábricas da Cosipar pelo porto que seria construído, a Mechel poderia somar benefícios e conseguir um preço competitivo para seus produtos siderúrgicos, tanto no mercado brasileiro, como no norte-americano”, explica Kumanovski.

Além disso, o ferro-gusa brasileiro seria usado como matéria-prima da siderúrgica inglesa Mirsteel, formando uma cadeia unificada de produção da Mechel no exterior.

Segundo analistas, outras empresas do mercado metalúrgico brasileiro estariam na mira de investidores russos, como, por exemplo, a Cia. Siderúrgica de Tubarão e a MMX Miner, além de companhias de menor porte.

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