Indicadores para avaliar políticas monetárias sairão em 2011/ Foto: AFP/Eastnews
Os organizadores da cúpula de Seul insistiram que o carro chefe das reuniões seria o tema do “desenvolvimento após a crise”.
Mas a guerra cambial nos mercados internacionais acabou roubando a cena. O assunto ganhou mais espaço depois que o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, decidiu aumentar em 20% (até US$ 600 bilhões) o programa de resgate dos títulos do governo do país.
“Os americanos querem simplesmente ligar a máquina de impressão de dinheiro, o que refletirá de modo muito negativo em nossas reservas, que estão, na sua maioria, em dólares”, disse um dos membros da delegação chinesa, preocupado com a desvalorização do dólar.
Em comunicado à imprensa após o encerramento da cúpula, o presidente Dmítri Medvedev anunciou que após as reuniões “o risco de uma guerra cambial foi reduzido”.
Segundo revelou seu assessor, Arkádi Dvorkovitch, a proposta de condenar a desvalorização cambial artificial para aumento da competitividade foi excluída do texto da declaração final da cúpula. O documento acabou adotando uma formulação mais branda, sugerindo evitar a desvalorização artificial.
Dmítri Medvedev informou que os chefes de Estado concordaram em instituir uma comissão para formular os “indicadores que servirão para avaliar a adequação das políticas monetárias dos países ao objetivo de reduzir o desequilíbrio global”.
A medida tinha sido aprovada anteriormente pelos chefes das pastas de finanças e dos Bancos Centrais do G-20, em fins de outubro, durante a reunião na cidade sul-coreana de Gyeongju.
Porém, a primeira discussão concreta sobre a lista desses indicadores somente será possível durante o encontro dos ministros das finanças do G-20, na primeira metade de 2011.
A próxima cúpula dos chefes de Estado, segundo o presidente da Rússia, será realizada mais tarde ainda - somente daqui um ano, pois a economia mundial está em recuperação e reuniões semestrais se tornaram desnecessárias. Até lá, portanto, as ofensivas cambiais no mercado internacional permanecerão sem restrições.
Dmítri Medvedev considerou muito importante e positiva a aprovação dos planos de ação e das recomendações para os países, em todos os setores da política macroeconômica, em diversos cenários econômicos possíveis.
A cúpula novamente abordou o tema da reforma do sistema de cotas para votação no Fundo Monetário Internacional. Até 2013, um novo sistema de cotas deverá ser elaborado para a realização de uma rodada de distribuição em 2014. Isso permitirá equilibrar as forças dos países no FMI.
Segundo Dvorkovitch, a Rússia defende a adoção do PIB dos países como critério principal para redistribuição das cotas. Porém não o PIB nominal, mas em sua proporção com o poder aquisitivo. Essa ideia também é defendida pelos outros países membros do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
De acordo com Medvedev, em breve essa organização informal de países poderia se expandir, pois os membros do bloco encaram de modo positivo as solicitações de adesão por parte de outros grandes países em desenvolvimento. O presidente russo citou somente um candidato, a África do Sul.
Para a comunidade financeira o tema de maior interesse foi a aprovação pelos líderes do G-20 das normas do acordo de Basileia-3, elaborado e assinado pelos órgãos financeiros de todo o mundo na cidade suíça.
As principais novidades se referem às exigências de capitalização para os bancos. A exigência de capital de categoria 1 deverá subir de 4% para 6%.
Os bancos deverão manter um nível de capitalização, medido pela soma do valor de suas ações ordinárias, equivalente a 4,5% de seus ativos. A exigência atual é de 2% Além disso, os bancos deverão formar uma reserva de capital de 2,5% dos ativos. Isso faria o capital mínimo a ser mantido pelas instituições atingir o nível de 8,5%.
A adoção das novas normas será gradual, de 2013 a 2019. Segundo o Banco Central, cerca de 90% dos bancos russos já atendem às novas normas. Isso se explica pelo fato de as exigências do banco central russo serem mais rígidas do que as previstas pelo acordo de Basileia-3 - no país, a exigência de capital de categoria 1 é de 12,4%, contra os 6% do acordo internacional.
“Quanto às normas de capitalização mínima, o acordo de Basileia-3 é menos rígido do que o Banco Central”, afirmou em entrevista ao Kommersant o presidente do banco VTB, Andrei Kostin.
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