O fundador do Wikileaks, Julian Assange, preso em Londres sob acusação de estupro/ Foto: AP
“Elementos criminosos têm proteção da polícia, do FSB [órgão que substituiu a KGB], do ministro do Interior e dos serviços do Procurador Geral” , escreveu o embaixador norte-americano em Moscou, John Beyrle, sobre a Rússia a seus colegas, de acordo com o site WikiLeaks. Já seu colega no Cazaquistão ateve-se ao monopólio estatal Gazprom, que, segundo ele, “comporta-se como um abutre” para pôr a mão nas jazidas da Ásia Central.
Verdadeiras ou não, as observações podem ter impacto negativo nas relações entre os dois países num momento em que os presidentes Dmítri Medvedev e Barack Obama procuram aproximação. Neste contexto, as revelações do WikiLeaks são o pretexto perfeito para a reação dos opositores a esse tipo de relação.
Mesmo que não prejudique diretamente a diplomacia, a questão pode ter efeito sobre os investidores. Como explica o cientista político russo-americano Nikolai Zlôbin, "esses questionamentos não partem de homens de negócios, mas de diplomatas. Suas recomendações e conselhos sobem para Washington e influenciam nas decisões governamentais, mas depois chegam aos homens de negócios e prejudicam a reputação da Rússia nos círculos empresariais. É uma razão para se afastarem desse mercado.” Há vários anos, aliás, os Estados Unidos não fazem parte do grupo dos dez países que mais investem na Rússia.
No âmbito da política interna russa, as revelações não provocaram reação. A mídia encobriu amplamente o escândalo e uma parte dos comentaristas pró-Kremlin afirma que o WikiLeaks é um instrumento utilizado por Washington na guerra de informação contra a Rússia.
Já o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que a diplomacia russa não se baseia em “vazamentos”, que qualificou de “crônicas divertidas”, mas nas ações concretas de seus parceiros. Para o presidente Medvedev, eles não afetarão as relações russo-americanas.
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