Foto: RIA Novosti
A Câmara Pública de Moscou, espaço não-legislativo criado para funcionar como fórum de discussão, realizou no final de novembro a terceira edição do ciclo de conferências Investigando a Rússia. O objetivo do programa é apresentar a Rússia “de dentro” para jornalistas de veículos internacionais.
“A ideia surgiu quando liguei a televisão e vi que a CNN estava dando uma cobertura completamente diferente dos canais russos durante a guerra de Geórgia”, conta a organizadora Irina Plesheva. Comissária do movimento Náshi – a juventude nacionalista que apoia o partido no poder, o Rússia Unida –, ela tinha só 21 anos quando organizou a primeira edição do evento, em 2008.
Neste ano, com o tema “Modernização”, o evento recebeu pela primeira vez verba da Câmara Pública. Grandes nomes russos dos direitos humanos, políticos de partidos diversos e diretores de bancos de investimentos e agências estatais participaram do programa.
O novo conselheiro do presidente russo para assuntos de direitos humanos, Mikhail Fedotov, abriu a conferência com um discurso em defesa da ampliação tecnológica no que chamou de “campo para as pessoas expressarem suas opiniões”. Fedotov também defendeu a televisão digital como um grande aliado do plurarismo no país. “Em lugares onde antes só havia dois canais, agora há 20 ou 30”, ressaltou. E completou: “É preciso fazer com que a internet se torne um direito do homem, garantido por lei”.
Seu discurso moderado foi logo inflamado pelo defensor dos direitos humanos e presidente do Fundo de Defesa da Transparência, Aleksei Simonov, que defendeu que existem assuntos muito mais urgentes para serem resolvidos. “Muito se fala e pouco se faz”, afirmou.
Simonov defendeu a reforma eleitoral e a liberdade de imprensa, e concluiu que a situação no país está cada vez pior: “A mídia pertence a corporações relacionadas com o Estado, e esta relação não é limpa”, afirmou.
Para ele, a legislação de proteção aos jornalistas só teria sido aplicada “duas ou três vezes por ano” e “dizer que houve até dez investigações por ano é uma afirmação muito otimista”.
O principal objetivo da rodada de discussões sobre investimentos e economia foi expor a Rússia como “nunca foi mostrada aos investidores estrangeiros em seu verdadeiro potencial”, disse o diretor-geral do banco de investimentos AllianzRosno, Oleg Mazurov.
Para tanto, Mazurov utilizou como exemplo a experiência brasileira com investidores japoneses, que teriam deixado US$ 3 bilhões no país. O segredo do sucesso, segundo ele, estaria no “bom e forte marketing do país, promovendo a economia do Brasil”.
Outro fator que teria garantido o êxito brasileiro e que também deve ser seguido pelos russos é “a criação, nos últimos cinco anos, de uma boa infraestrutura financeira e bancária”, disse.
Quando perguntado sobre riscos do mercado e a prisão do magnata russo Mikhail Khodorkóvski por sonegação fiscal, Mazurov rebateu: “A situação não é perfeita, mas a Yukos [petrolífera que pertencia a Khodorkóvski] é um caso à parte”.
“Até a China faz suas relações públicas com os investidores”, defendeu o cientista político Dmítri Abzalov. “Temos problemas com imagem em comparação a outros países do Bric, então precisamos mudar isso.”
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