Infraestrutura atravessa a Sibéria para chegar aos chineses / Foto: Reuters/Vostock-photo
A Rússia vai intensificar esforços para se tornar o terceiro maior fornecedor de petróleo da China em janeiro do ano que vem, por meio de um novo duto siberiano que deve entrar em funcionamento ainda nesse mês. A resolução foi tomada após a visita do presidente Dmítri Medvedev a Pequim em setembro, na qual foram assinados acordos entre os dois países.
Hoje, a Rússia exporta relativamente pouco petróleo e gás para a China. A Europa é o maior cliente do país no setor energético. No entanto, devido ao contraste entre as enormes reservas financeiras da ascendente China e a atual dificuldade econômica da Europa, a atração pelo mercado chinês está crescendo, e a infraestrutura russa está se voltando para o leste.
De acordo com o líder de estratégia do banco de investimento Troika Dialog, Kingsmill Bond, “desde a crise, o potencial de negócios entre a Rússia e a China se tornou real”.
Medvedev fez sua segunda visita a Pequim em muitos anos em setembro. Fechou diversos acordos, incluindo o de cooperação na mineração de carvão, energia nuclear, comércio bancário e antiterrorismo.
Mas o principal ponto discutido foi o oleoduto ESPO (Leste Siberiano – Oceano Pacífico), que deve transportar 15 mil toneladas de petróleo bruto por ano a partir de janeiro. Com esse volume, a Rússia pode ultrapassar o Irã e se tornar o terceiro maior fornecedor da China, atrás apenas da Arábia Saudita e de Angola.
Como o primeiro-ministro Vladímir Pútin destacou em janeiro, o ESPO “não é apenas um oleoduto, mas um projeto geopolítico”.
Durante a visita, Medvedev também revisou vários termos de um acordo de abastecimento de gás longamente adiado. Medvedev disse que os países conseguiram “aproximar-se mais de US$60 no que se refere ao preço”, durante os encontros de setembro.
Apenas três dias após o retorno de Medvedev de sua viagem à China, a Gazprom – que atualmente não exporta para os chineses – anunciou que irá acelerar a construção do gasoduto de Altai, da Sibéria Ocidental até a China, a fim de colocá-lo em funcionamento até 2015.
A Rússia espera que a China financie a rota – assim como aconteceu no caso do ESPO e nas rotas da Ásia Central. Mas, segundo o analista de gás e petróleo do banco de investimento VTB Capital, Lev Snikov, “os clientes vão buscar diversificar o máximo possível, por isso a China não está necessariamente em posição de vantagem”.
Enquanto isso, Bond sugere que, devido a “riscos geopolíticos da China”, a Rússia pode esperar uma “recompensa pelas ligações por terra”. Ele também aponta que o consumo de gás na China tende a crescer aceleradamente quando aumentar no país a importação por meio do gasoduto.
Esse tipo de infraestrutura “irá certamente modelar a aliança bilateral dos dois países”, afirma Lili Gevorgyan, do IHS Global Insight.
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