Misha faz apresentação ao lado da espanhola Ana Laguna/ Foto: Bengt Wanselius
Quando o Brasil e Mikhail Baryshnikov se reencontrarem em São Paulo, no próximo dia 19 de outubro, ambos vão perceber que pouca coisa mudou desde os últimos passos dados por aqui, em 2007. Aos 62 anos, a lenda viva da dança continua com o mesmo vigor de garoto, esbanja maturidade e emociona com seus movimentos precisos, firmes e delicados. A novidade fica por conta da apresentação de dança moderna em parceria especial com a espanhola Ana Laguna, de 54 anos, no espetáculo Três Solos e Um Dueto, que tem coreografias dos renomados mestres Mats Ek, Benjamin Millepied e Alexei Ratmansky.
A turnê vai ser a maior que Baryshnikov já fez pela América Latina. Os palcos brasileiros ele já conhece bem, esta é a quinta vez que ele passa por aqui. Mas além das cinco cidades brasileiras que visita, o bailarino se apresenta pela primeira vez na Argentina e no Peru.
Uma viagem dessa natureza, para profissionais com a idade mais avançada, requer cuidados especiais. Baryshnikov e Laguna viajam com uma equipe de profissionais para tentar minimizar o desgaste de voos, compromissos, ensaios e doze apresentações em menos de um mês. Para a apresentação no Rio de Janeiro, no entanto, não houve nenhum pedido exótico de estrela, apenas a possibilidade de ensaiar muitas horas por dia nas vésperas das apresentações. Para o bailarino que nasceu na Letônia e foi acolhido pelos Estados Unidos, onde brilhou nos palcos, no cinema e na TV, o nome inspira grandiosidade, mas o que chama mesmo a atenção é a simplicidade.
Montagem e
negociação da apresentação levaram dois anos; ITAR-TASS
Segundo Maria Rita Stumpf, produtora da turnê, Baryshnikov só fez dois pedidos: o de não ser tratado como celebridade, mas sim como bailarino, e o de que seus espetáculos tenham preços, se não ‘populares’, pelo menos acessíveis a todos os públicos. Com isso, os lugares mais baratos estão sendo vendidos a R$50.
Stumpf ressalta ainda que, apesar de o bailarino já ter vindo muitas vezes ao Brasil, cada aparição dele é única e o espetáculo ao lado de Ana Laguna é mais especial ainda, pois pode ser a última chance de vê-lo em ação por aqui. "Ele não quer mais ficar fazendo turnê o ano todo, todos os anos. Mas desta vez incluiu a América do Sul em função da apreciação que ele tem pelo nosso país", diz a produtora.
De acordo com ela, a montagem do espetáculo e a negociação para a vinda da dupla ao Brasil levaram dois anos.
Além de encantar o público, Misha (apelido em russo derivado de seu nome, Mikhail) também pretende lapidar novos bailarinos, ajudar a formá-los e a criar espaços para a dança no Brasil. Uma equipe vinda do centro de referência que mantém em Nova York, o Baryshnikov Arts Center (www.bacnyc.org), vai dar "master classes" nas cidades onde fizer apresentações. Entre 15 e 20 sortudos bailarinos com boa qualificação serão selecionados para um treinamento inesquecível com algumas das maiores lendas da dança de toda a história.
Em sua nova passagem pela América Latina, o bailarino também pretende divulgar seu ainda pouco conhecido trabalho como fotógrafo. Ele traz "Dominican Moves" (algo como movimentos dominicanos), seu portfólio de fotos feitas na ilha caribenha, onde ele tem uma casa de veraneio. A exposição, que já passou por lugares como o Museu Pushkin, em Moscou, o Metropolitan Opera House, em Nova York, e o Kennedy Center, em Washington, retrata movimentos de dançarinos do país da América Central, em uma surpreendente fusão de ritmos.
E estar em nosso país, mesmo após todas essas visitas, não deixa de ser um encanto para Baryshnikov, conta Stumpf. "Ele gosta muito daqui, tem fascínio pelo Rio de Janeiro. Poder vir ao Brasil e trabalhar aqui parece sempre ser um privilégio para Misha", explica. Para nós, certamente, também é.
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