Melhoras no gerenciamento podem aumentar PIB em 150% /Foto: Nikolay Tsyganov_kommersant
Se tudo sair como o governo planeja, os bancos russos, de preferência instalados em reluzentes arranha-céus, vão ser o coração dos mercados financeiros globais, e o país se tornará o maior mercado consumidor da Europa, com cerca de 60% da população na classe média.
Fantasia? Sim e não. É provável que a Rússia não concretize todas essas previsões ambiciosas do governo de Dmítri Medvedev, mas certamente tem potencial de ir mais longe do que muitos podem pensar. Essa é uma declaração ousada, ainda mais no atual cenário de pós-crise, mas o país acaba de estabelecer um novo ciclo de aumento da produtividade, o que leva o governo a apostar em uma década de forte crescimento. O momento é propício. Os fluxos de investimento e o crédito bancário se mantêm restritos e aumentar a produtividade significa imensos lucros a baixo custo.
Durante a expansão de 2008, pouca atenção foi dada à produtividade. A maioria das companhias estava focada apenas em se ampliar o mais rápido possível e as altas margens de lucro do jovem mercado tornavam o quesito da eficiência irrelevante. A produtividade na Rússia então se limitou a apenas 16% daquela da União Europeia.
Agora, a possibilidade de ganhos com pequenas melhoras no gerenciamento é realmente muito grande. “Se apenas 10% da população ativa trabalhasse no nível médio de eficiência que vemos nos Estados Unidos, a produção da economia russa cresceria 140% e o Produto Interno Bruto, 150%”, afirma Aleksandr Idrisov, sócio do grupo europeu de análise de mercado Strategy Partners.
Nesta fase de orçamento curto, as companhias viram que um operário russo pode custar uma fração do que custa um ocidental. No entanto, essa economia é desperdiçada quando se percebe que eles levam quatro dias para fazer um carro, enquanto a maioria das fábricas ocidentais pode dar conta do serviço em poucas horas.
A longo prazo, a única maneira de a Rússia manter o crescimento estável é melhorando sua produtividade.
A maioria das pessoas pressupõe que a baixa eficiência no país é fruto exclusivo de fábricas obsoletas, mas Idrisov defende que culpar a tecnologia antiquada é um “mito” e que o principal problema é simplesmente o mau gerenciamento.
Segundo dados de um relatório recentemente divulgado pela consultoria global de empreendimentos McKinsey, a administração ineficiente responde por 80% da diferença entre as produtividades da Rússia e dos EUA.
A pesquisa revela ainda que alguns setores da economia russa já estão no mesmo nível que empresas internacionais, principalmente no setor do aço. As áreas de construção, sistema bancário e eletricidade, embora estejam em níveis mais baixos que os norte-americanos, também se destacam por serem mais produtivos do que outros setores da economia.
Diante desses dados, fica claro que somente quando o gerenciamento russo enfrentar essas questões é que a tecnologia, a menina dos olhos do presidente Medvedev, poderá começar a desempenhar seu papel.
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