Na Rússia moderna, é difícil encontrar uma cidade que não foi afetada pela Segunda Guerra Mundial: as cidades viravam campos de batalha ou lugares para a evacuação de pessoas e de empresas.
Hoje, as nove que enfrentaram os piores ataques durante a guerra carregam o título de ‘heroicas’: Moscou, São Petersburgo, Volgogrado, Tula, Smolensk, Murmansk, Kerch, Sevastopol e Novorossisk. Viaje conosco por algumas delas.
Volgogrado (910 km de Moscou)
Pontos simbólicos: complexo memorial na Colina de Mamaev e estátua da Mãe-Pátria
Na época da União Soviética, Volgogrado ainda se chamava Stalingrado. Durante a guerra foi palco da batalha mais funesta na história mundial: quase 1,5 milhão de mortos. Em julho de 1942, na colina de Mamaev, o Exército Vermelho derrotou o de Hitler na frente oriental e, assim, mudou o rumo da Segunda Guerra Mundial. O memorial e os monumentos construídos nos lugares desses eventos até hoje continuam a ser as principais atrações da cidade.
A maioria dos monumentos dedicados ao conflito se concentra em três partes da cidade, que ficam bem próximas entre si: a Alameda dos Heróis, que leva da beira do rio até a Praça dos Combatentes Caídos, ao redor do Museu Panorama Batalha de Stalingrado, na colina de Mamaev. A melhor forma de fazer o percurso é de “metrotram”, que vai ora por debaixo da terra, ora sobre a superfície.
No topo da Colina de Mamaev, monumento da Mãe-Pátria: o dobro do Cristo Foto: Lori/Legion Media
Um minuto de silêncio interrompe periodicamente a música tocada no Museu Panorama, e o barulho dos passos predomina. Por mais que se leia sobre os fatos horripilantes da Batalha de Stalingrado em livros ou na internet, a tragédia do conflito adquire outra dimensão depois de se visitar a Colina de Mamaev e subir os seus 200 degraus, que equivalem ao número de dias da batalha pela cidade.
No topo, eis que surge o monumento da Mãe-Pátria. Observando os visitantes de sua altura gigantesca, ela entrou no Guinness, livro dos recordes, como a maior estátua do mundo em 1967, quando foi criada: são 85 metros sem pedestal. A título de comparação, a Estátua da Liberdade, em Nova York, tem 46 metros, e o Cristo Redentor, 38 metros.
São Petersburgo
Pontos simbólicos: Praça da Vitória e Museu do Bloqueio
Na mesma época em que os moradores e soldados defendiam Stalingrado, os habitantes de Leningrado enfrentavam outra tragédia: um bloqueio de 872 dias, durante os quais 97% das vítimas não foram feridas na linha de frente, mas morreram de fome e doenças. Em seu livro “Just and Unjust Wars”, o filósofo americano Michael Walzer, cita que, “no bloqueio de Leningrado morreram mais civis do que em Hamburgo, Dresden, Tóquio, Hiroshima e Nagasaki juntos”.
Praça da Vitória é um marco do bloqueio que durou quase 900 dias Foto: Lori/Legion Media
O Monumento aos Defensores Heroicos de Leningrado, na Praça da Vitória, é o monumento mais famoso de São Petersburgo dedicado ao heroísmo dos cidadãos nos dias de bloqueio. Embaixo do monumento há o museu Memorial, decorada com dois enormes mosaicos: Bloqueio e Vitória.
No espaço do Museu Memorial da Defesa e Bloqueio de Leningrado foi recriado o quarto de um apartamento de Leningrado na época do bloqueio, com direito a sirene, fotos, modelos de armas, itens pessoais e até o tipo de alimento durante o bloqueio, que as vítimas faziam a partir de restos.
Monumento aos Defensores Heroicos de Leningrado tem espaço que recria realidade durante o cerco Foto: TASS
Kursk (450 km de Moscou)
Pontos simbólicos: complexo memorial do “Arco de Kursk” (Arco do Triunfo)
A batalha de Stalingrado pode ter mudado o curso da Segunda Guerra Mundial, mas o seu sucesso se confirmaria sem a batalha de Kursk, em julho de 1943. A importância geopolítica desse episódio ultrapassou os limites da frente soviética-alemã – pôs fim ao regime de Mussolini e forçou a Itália a se retirar da guerra ao lado da Alemanha. O confronto em Kursk entrou na história como a maior batalha de tanques: além dos 2 milhões de soldados, havia 6.000 tanques e 4.000 aviões.
O Parque Monumental, na periferia ao norte da cidade, se estende por uma alameda de um quilômetro. No caminho as atrações principais são o Arco do Triunfo, o monumento ao marechal Gueôrgui Jukov (um dos principais militares soviéticos da Segunda Guerra Mundial), a igreja cristã de São Jorge e o túmulo do soldado desconhecido em Kursk.
Arco de Kursk é uma das atrações ao longo da alameda do Parque Monumental Foto: Lori/Legion Media
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