Inicialmente, Knapp se formou como pianista, mas depois se especializou em regência na Itália e na Rússia.
Roman ZaidullinO maestro estadunidense Christian Knapp trabalha no Teatro Mariínski, a pérola da música e do balé de São Peterburgo, desde 2011.
Nascido em Chicago, ele cresceu ouvindo a orquestra sinfônica local em seus anos dourados sob a batuta do maestro Georg Solti.
Inicialmente educado para ser pianista, Knapp estudou no Conservatório New England, em Boston, mas depois partiu para a Itália para se aprimorar na regência com Iúri Termirkanov e Myung-Whun Chung.
As técnicas lá adquiridas foram aperfeiçoadas no Conservatório de São Petersburgo com Iliá Musin e Leonid Kortchmar, e após isso Knapp regeu orquestras pelo mundo inteiro.
São Petersburgo se tornou sua segunda casa. Durante os rigorosos invernos locais, ele é confortado pela vista do canal Kriulov da janela de seu apartamento na “capital cultural” russa.
Apesar de gozar de pouco tempo livre, ele gosta de tomar um café na rua Rubinstein e caminhar na ilha Krestovski, assim como assistir a um filme no cinema Angleterre e no Dom Kino.
Hoje ele já não consegue contar quantas vezes visitou o maravilhoso Museu Hermitage.
Knapp: "Sempre ajuda ter um mentor ao seu lado e trabalhar com um gênio como Guêrguiev". / Foto: Svetlana Avvakum
O que o trouxe à Rússia? Você se lembra de sua primeira visita?
A primeira vez em que visitei a Rússia foi em 1984, quando ainda era União Soviética e os tempos de Gorbatchov. Provavelmente essa tenha sido minha primeira viagem ao exterior, e foi um tempo muito interessante para mim. Mas era uma viagem turística tradicional e ficamos três ou quatro dias em Leningrado [o nome de São Petersburgo então] e mais três ou quatro em Moscou. Lembro-me da vista, mas não sei se tive qualquer senso de imersão na cultura. O que eu lembro é que era incrivelmente lindo, e me apaixonei completamente por Leningrado.
Como você chegou ao Teatro Mariínski?
Eu soube do Mariínski quando ainda era um estudante no Conservatório de São Petersburgo, porque era bem do outro lado da rua. Desde aqueles tempos eu sou fascinado pelo Mariínski e sua música incrível, assim como pela pessoa que agora é meu chefe e mentor, o maestro Valéri Guêrguiev.
Eu já tinha uma carreira de sucesso nos Estados Unidos e na Europa e tinha um contrato de regência com outra orquestra americana onde um pianista maravilhoso do Guêrguiev se apresentava, o Aleksandr Toradze, que também é um bom amigo do maestro. Lembro-me que ele tocou o Concerto N° 3 para piano do Prokofiev e então eu toquei Petrushka.
O Aleksandr Toradze me deu a honra de sentar-se no saguão e ouvir minha apresentação, já que geralmente os músicos vão para casa depois que terminam de tocar. Ele elogiou bastante minha regência, e depois, entre alguns drinques, eu disse que eu sempre quis trabalhar no Mariínski, e ele disse: “É isso! Vou dar um jeito de te apresentar”. E assim ele fez.
A primeira ópera que eu regi no Mariínski foi em 2011, Elektra, de Richard Strauss. Imediatamente depois, no dia seguinte, o teatro me ligou e perguntou se eu podia ficar um pouco mais e trabalhar na estreia de Ariadne auf Naxos, também de Strauss. Esse projeto durou várias semanas, mas aí eles me chamaram para voltar diversas vezes depois. E, em certa altura, o maestro Guêrguiev disse: “Tá bom, a gente precisa de você aqui”.
E desde então tem sido um lugar maravilhoso para trabalhar. Alguns meses eu tenho nada menos que 15 apresentações diferentes. Eu acho que tenho mais de 50 óperas agora em meu repertório e também estou regendo regularmente o repertório sinfônico de Mahler ou Beethoven com esses músicos incríveis da Orquestra Mariínski. Essa colaboração é muito gratificante.
Como é trabalhar com Guêrguiev?
É fantástico. Ele é muito, muito inspirador. Ele é um desses gênios de verdade hoje e seu nível de energia é incrível. Ele consegue fazer muita coisa e organizar as coisas tão bem. Seu talento artístico é incrível, e sempre ajuda ter um mentor ao seu lado e estar em contato com um gênio desses. Eu me alimento dessas novas ideias e novas inspirações.
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