Para viabilizar sonho, família de garoto soteropolitano faz campanha de arrecadação em redes sociais
InstagramAos dez anos, Adrian de Jesus Barreto tem um sonho: dançar. Morador de Salvador, ele não quer samba, capoeira ou forró, modalidades tradicionais em sua terra natal. Sua aspiração é o balé clássico. Para isso, Adrian tem que viajar para o outro extremo do país, em Joinville (SC), onde existe a única escola de Teatro Bolshoi fora da Rússia. E é por isso que seus familiares resolveram lançar uma campanha de arrecadação nas redes sociais para conseguir o dinheiro das passagens.
No ano 2000, um grande evento ocorreu na pequena cidade de Joinville, no Sul do Brasil. Uma filial estrangeira da escola do Teatro Bolshoi foi inaugurada ali e é justamente nela que o jovem Adrian almeja ingressar. Uma distância de 2.550 km separa-o de seu sonho.
De acordo com a mãe do menino, a paixão de Adrian pelo balé clássico manifestou-se quando ele tinha apenas cinco anos de idade. "Eu levava a irmã dele para as aulas de dança, e ele ficava lá, observando. Foi assim que Adrian se apaixonou pela arte da dança. Toda a família o apoiou e nós estamos ajudando Adrian a realizar o seu sonho", disse Valdeci Barreto.
Em outubro do ano passado, o garoto passou com sucesso nos testes de seleção para o ingresso na escola do Teatro Bolshoi. Agora, para não perder a vaga, ele precisa se apresentar pessoalmente na instituição de ensino e se inscrever para as atividades letivas no máximo até o dia 4 de fevereiro. É evidente que o pequeno bailarino não pode viajar sozinho. A família precisa conseguir dinheiro para as passagens, bem como para pagar pela hospedagem, alimentação e outras despesas durante a estadia na cidade de Joinville.
Audição Escola Bolshoi Foto: Albenize Bueno; Manuela Schneider; Thiago Teixeira/escolabolshoi.com.br
A mãe de Adrian é enfermeira, mas perdeu o emprego. Seu pai, Ricardo Barreto, trabalha com manutenção de computadores, ganha pouco e não pode arcar com os custos da viagem de sua esposa e filho para outro Estado.
Um dos nossos amigos sugeriu aproveitar as redes sociais. Agora, as pessoas estão ligando e pedindo mais detalhes sobre a nossa situação", disse Ricardo Barreto à agência de notícias Sputnik Brasil.
Projeto social
Inicialmente, a escola do Teatro Bolshoi estava focada em crianças que integram os segmentos mais pobres da população”, contou Katerina Novikova, assessora de imprensa do Teatro Bolshoi. "Este é um projeto social e ele realmente tem uma repercussão enorme. A escola não apenas forma bailarinos, ela literalmente salva vidas de crianças de famílias de baixa renda", destacou Novikova.
Formatura 2016 - 10/12/2016 Foto: Nilson Bastian/escolabolshoi.com.br
Atualmente, cerca de trezentos alunos de todas as partes do Brasil e de alguns países vizinhos são alunos na escola. Tendo em vista a difícil situação econômica na América Latina, 95% das crianças estão estudando gratuitamente. Além disso, a escola oferece alimentação, livros didáticos, uniformes, trajes da dança e até atendimento médico. Professores altamente gabaritados, do Brasil e da Rússia, trabalham com os bailarinos iniciantes. Entre eles, há também ex-artistas do Teatro Bolshoi. Todo ano, os alunos mais talentosos são enviados para um estágio em Moscou.
A ideia de abrir uma escola na América Latina pertenceu ao eminente bailarino Aleksandr Bogatiriov. Ele foi solista do Bolshoi por vinte anos e, depois, um professor não menos notável. Em 1998, quando passou a atuar na qualidade de diretor artístico do Balett Bolshoi, Bogatiriov se entusiasmou com a ideia de abrir uma escola de dança no Brasil. Infelizmente, ele não viveu para ver a concretização de sua ideia, mas o famoso coreógrafo Vladímir Vassíliev e o então governador do Estado de Santa Catarina, onde se encontra a cidade de Joinville, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), aderiram à iniciativa.
Publicado originalmente pela agência Ria Nôvosti.
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