Obra é segunda tradução direta do russo do autor no Brasil
Ria NovostiA Funarte (Fundação Nacional de Artes) lança, nesta terça-feira (29), às 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo, a obra "Stanislávski: vida, obra e Sistema", do dramaturgo Aimar Labaki e da professora do programa de Literatura e Cultura Russa da USP Elena Vássina.
A obra foi elaborada a partir da seleção e tradução do material desenvolvido pelo diretor de teatro russo Konstantin Stanislávski (1863-1938).
A publicação de 344 páginas inclui recortes dos cadernos de anotações, registros dos ensaios e cartas do teatrólogo, além de depoimentos e memórias dos atores, diretores, colegas e discípulos de Stanislávski.
A obra reproduz, na medida do possível, as próprias palavras do diretor ao abordar a gênese e o desenvolvimento de seu pensamento e tem o intuito de permitir ao leitor de língua portuguesa um primeiro contato direto com as ideias do teatrólogo russo.
A Gazeta Russa conversou com Labaki sobre o lançamento:
Poderia contar-nos um pouco sobre a maneira como Stanislávski foi apresentado e utilizado durante sua prática teatral? O que o lançamento deste livro, em parceria com Elena Vássina, traz de novo ao leitor brasileiro?
Stanislávski me foi apresentado desde o primeiro dia de estudo em teatro - como era natural até há poucos anos. Direta - com a sugestão de se ler seus livros publicados em português - e indiretamente, por meio de exercícios e treinamentos que eram derivados de seus trabalhos.
O livro traz uma contribuição a uma compreensão mais completa e historicamente fundamentada do trabalho dele. Primeiro por proporcionar a compreensão de todo seu percurso; e também por trazer pela primeira vez traduções diretas do russo (seu único livro traduzido assim no Brasil é o Minha Vida na Arte, brilhantemente traduzido por Paulo Bezerra).
Depois de lê-lo não será mais possível confundir seu Sistema com o Método americano, nem advogar uma aproximação à personagem baseada em "memória emotiva" como a mais legitimamente "stanislavskiana".
Lançamento em São Paulo ocorre na Livraria da Vila, na Vila Madalena. Foto: Divulgação
Para você, ainda restam mal-entendidos acerca dos escritos e pesquisas do mestre russo no Brasil? Quais as especificidades deste entendimento e como podemos superá-lo?
Mais que mal-entendido, eu chamaria de desconhecimento. Não se distingue o trabalho de Stanislávski da tradição do Método americano. E acredita-se que o corpo de trabalho do mestre russo é algo fechado em si, sem alteração ao longo do tempo, em suma, um Método.
Para superar esse quadro, só traduzindo tudo diretamente do russo e estimulando os trabalhos nessa área.
Como as necessidades do teatro brasileiro contemporâneo se aproximam da pesquisa de Stanislávski, considerando-se as condições históricas completamente distintas?
As condições são distintas, as questões com as quais nos defrontamos no cotidiano de nossa arte, não.
O objeto central da arte teatral são as ações humanas, o artista central é o ator. O ator é autor/instrumento/matéria prima desse processo artístico. Seu corpo e seu simbólico (chame de intelecto, espírito ou como quiser) devem ser preparados e depois mantidos permanentemente treinados para que ele possa exercer sua função central no teatro.
Essa preparação e esse treinamento têm, nos ensinamentos de Stanislávski, uma base incontornável. Por outro lado, o que Stanislávski procurava era o mesmo que se procura sempre: respostas cênicas para as questões humanas - morte, poder, sexo, amor.
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