Entre as clientes, apenas 30 a 40% são frequentadoras de igrejas
DivulgaçãoNinguém mais ficará surpreso com lojas que vendem roupas muçulmanas na capital russa, assim como nenhuma pessoa poderá se incomodar com mulheres que cobrem suas cabeças em público conforme a fé islâmica. O motivo? A primeira loja que vende apenas vestuário ortodoxo foi aberta recentemente no centro de Moscou.
“A ortodoxia não tem uma norma rígida, mas há regras implícitas de etiqueta que são seguidas por todos os que vão à igreja. As roupas devem ser modestas, sem detalhes extravagantes, e joelhos e cotovelos devem estar cobertos – assim como a cabeça com um lenço”, explica Elena Tsokolova, cofundadora da rede de lojas de roupas ortodoxas “Baryshnya-krestyanka” (em referência à história homônima de Púchkin).
Tsokolova e a amiga Evguênia Karuzina tiveram a ideia de abrir esse tipo de loja ainda em 2012. Na época, ambas estavam em licença de maternidade e começaram a procurar trajes para o batismo de seus filhos.
“Era difícil encontrar roupas adequadas para a igreja, tudo era muito extravagante ou não cobria os cotovelos e os joelhos”, conta Tsokolova. “Foi por isso que decidimos criar uma coleção para mulheres ortodoxas.”
Além de vestidos e saias longas, há também blusas, cachecóis e até vestidos de noiva para as mulheres que procuram uma alternativa aos modelos mais ousados. “Nossos vestidos são feitos com tecidos naturais, e levamos em conta as estações: no inverno, temos artigos longos e de lá; já no verão, itens de tecidos mais leves”, diz Tsokolova.
Além de Moscou, há lojas “Baryshnya-krestyanka” nas cidades de São Petersburgo e Iekaterinburgo, nos Urais.
Cofundadoras Tsokolova (à esq) e Karuzina Foto: Divulgação
Clientes não ortodoxas
“Entre os nossos clientes, só 30 a 40% são frequentadores de igrejas: mulheres de padres, religiosos e professoras de escolas dominicais. De resto, são pessoas que gostam de vintage e ‘boho-chic’”, diz Tsokolova.
Segundo a empresária, a loja também é procurada por muitas mulheres grávidas e lactantes, uma vez que o corte dos vestidos permite usá-los durante e após a gravidez.
“Eu gosto do fato de que a Baryshnya-krestyanka costura vestidos levando em conta como uma mulher ortodoxa dever se vestir”, diz a cliente assídua Elena Demenko, de São Petersburgo. "Eu gosto que os vestidos tenham anágua. A qualidade do material e da alfaiataria é muito boa. Mas, se eu não gostasse dos estilos e do tecido, eu não iria comprar as roupas apenas porque são uma marca ortodoxa.”
As anáguas da marca também cativaram a moscovita Irina Rossolimo. “Procurei por dois anos, tentei explicar para costureiras o que eu queria fazer, mas na Baryshnya-krestyanka meu sonho se tornou realidade e encontrei roupas para várias estações.” “Não é importante para mim que a loja se posicione como uma marca ortodoxa. É um tipo de publicidade destinado a atrair pessoas que estão procurando roupas para ir à igreja, mas, para mim, são apenas vestidos para o dia a dia”, diz Rossolimo.
Vestidos e saias longas são carro-chefe de rede Foto: Divulgação
Meio moda, meio religião
“Entre as mulheres ortodoxas, há aquelas que, mesmo usando roupas apropriadas para a igreja, tentam parecer atraentes. Estas roupas são justamente para elas”, afirma Olga Sibiriova, do centro de informação analítica Sova.
“Não podemos dizer que há um aumento na demanda por essas roupas apenas porque a religião ortodoxa estaria crescendo. Basta lembrar que, entre os clientes, menos de metade vão à loja porque lá tem vestuário ortodoxo”, acrescenta.
No entanto, segundo a analista de vendas, é possível que as fundadores da rede se apoiem na religião, porque algumas pessoas associam Ortodoxia com respeito ao meio ambiente e materiais naturais. “Por isso, é provável que a cultura ortodoxa impulsione as vendas”, conclui.
Apesar de apelo religiosa, muitas clientes compram vestuário para o cotidiano Foto: Divulgação
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