9 razões que explicam por que Púchkin é tão prestigiado

Dia da Língua Russa é comemorado na mesma data do aniversário do poeta.

Aparente simplicidade esconde trabalho minucioso sobre cada palavra de Púchkin

No dia 6 de junho, comemora-se na Rússia não só o aniversário do poeta Aleksandr Púchkin, como o Dia da Língua Russa. O Russia Beyond explica por que as datas têm mais do que parecem em comum.

1. Púchkin criou a língua russa moderna

Púchhkin (1799-1837), com toda razão, é considerado o criador da língua russa moderna. Ele deixou de lado o cânone clássico de acordo com o qual eram escritas as odes para os imperadores e redigiu suas obras na língua em que os russos escrevem e falam até hoje.

2. Foi recordista em gêneros literários

Púchkin escreveu odes clássicas, poemas românticos, lírica amorosa e lírica social, romances em verso, dramas históricos, prosa realista, contos, novelas, contos de fadas e notas de viagem. E essa não é uma lista completa de suas criações.

3. Abordou os mais variados temas

Ele delineou os temas fundamentais que seriam focados pelos escritores no século 19 e até no século 20. O sofrimento do “pequeno homem” (pessoa de baixo status social), o confronto do herói excepcional com a sociedade, a torturante escolha entre felicidade pessoal e dever, a revolta de um indivíduo contra o sistema - esses temas, abordados primeiramente por Púchkin, mais tarde se tornaram a base das obras de outros grandes escritores russos, como Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov e Bunin.

4. Descreveu a vida russa de maneira abrangente

Uma das principais obras de Púchkin é o romance em versos “Evguêni Oneguin”. Em meados do século 19 ele foi chamado de "enciclopédia da vida russa" devido à abrangência com que o autor nele descrevera a vida e cultura russa.

O romance foi escrito ao longo de oito anos (de 1823 a 1831) e transformou-se juntamente com Púchkin e sua época.

5. Falou com simplicidade sobre os temas mais difíceis

Outra razão para as obras de Púchkin serem tão populares é sua aparente simplicidade. As formulações bem ajustadas produzem uma falsa impressão de que foram escritas sob uma inspiração momentânea, no entanto, mesmo um breve olhar nos rascunhos de Púchkin permite ver quão cuidadosamente ele havia trabalhado em cada linha. Com duas ou três palavras, literalmente, ele cria uma imagem visível, imprimindo um quadro na mente do leitor.

Autorretrado pintado en 1829. Fuente: Vostock-Photo.Autorretrado pintado en 1829 Foto: Vostock-Photo.

6. Não tinha medo de fazer zombarias

Enquanto viveu, o poeta esteve infinitamente longe da imagem de autor sisudo e profeta. Possuindo um refinado senso de humor e estilo, ele gostava de inserir uma palavra vulgar na quadra e não economizava epigramas cáusticos, endereçando-os até mesmo a personalidades de altos escalões.

7. Sofreu em prol da verdade

Púchkin passou alguns anos no exílio por sua ode “Volnost” (Liberdade). Inicialmente, o tsar Aleksandr I exilou o poeta no sul da Rússia e em seguida colocou-o em prisão domiciliar em sua propriedade Mikhailovskoie, na região de Pskov. Púchkin era amigo de muitos dezembristas (revolucionários que exigiam uma constituição e liberdade para os cidadãos) e se não tivesse sido exilado, provavelmente teria tomado parte na revolta de 1825, em São Petersburgo. Ele nunca apoiou a destituição do tsar, apenas defendia a liberdade e o espaço pessoal de cada ser humano e lutava contra a censura. "No mundo não existe felicidade, mas há paz e liberdade", disse ele, definindo o que para sempre seria o anseio do povo russo.

8. Deixou uma incrível lírica amorosa

Púchkin consolidou sua reputação de Don Juan e é o autor de um dos mais importantes poemas de amor da poesia russa: “Eu te amei. Talvez, o amor ainda / não se extinguiu por completo em minha alma". Além disso, no romance em verso “Evguêni Oneguin”, Púchkin também formulou a principal regra relativa ao namoro na Rússia: "Quanto menos gostamos de uma mulher, mais facilmente ela apaixona-se por nós".

9. Foi cultuado durante a era soviética

Na URSS, instituiu-se um verdadeiro culto a Púchkin. Em cada sala de aula e praticamente em todas as residências estava presente, obrigatoriamente, a reprodução de um retrato do poeta pintado por Tropinin ou por Kiprenski. Em 1937 foram realizados eventos comemorativos em homenagem ao centenário de sua morte e, anos depois, o 150º aniversário de seu nascimento foi bastante festejado. Para celebrar seus jubileus, começaram a ser produzidos cigarros "Em memória de Púchkin", fósforos "Púchkin", selos, louças, sabonetes, perfumes e muitos outros artigos com a sua imagem. Púchkin se transformou em um símbolo do Estado.

Dibujo del liceo en Tsárkoe Seló donde estudió el poeta. Fuente: Vostock-Photo.Desenho da escola em Tsárkoe Seló, onde o poeta estudou Foto: Vostock-Photo

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