Restos mortais da família do tsar foram encontrados entre 1991 e 2007, o que gerou uma onda de farsantes.
Foto de arquivoNa noite de 16 de julho de 1918, tropas bolcheviques de Iekaterinburgo executaram a família imperial russa. O ato foi consumado devido à crença errônea de que o Exército da Tchecoslováquia e o Exército Branco russo estivessem a caminho da cidade para resgatar a família do tsar.
Nikolai II, sua mulher e os cinco filhos, assim como quatro empregados, foram levados a um porão “para a própria segurança”. Os guardas próximos à família, porém, haviam sido retirados de serviço e substituídos por pessoas encarregadas de executá-la.
Os restos mortais do tsar Nikolai II, de sua esposa, Aleksandra Feodorovna, de três de seus filhos, e dos empregados foram descobertos em 1991, próximo à cidade de Iekaterinburgo, onde ocorreu a execução.
Família do imperador Nikolai II./ Foto de arquivo
Já o corpo do príncipe Aleksêi e da grã-duquesa Maria foram encontrados apenas em 2007.
Durante todo o século 20, porém, pessoas diversas declararam ser descendentes do último tsar russo, afirmando ter conseguido escapar, por um milagre, da execução.
1. Anna Anderson, falsa Grã-Duquesa Anastassía da Rússia
Anna Anderson. / Foto: AFP
Anna afirmava ser a quarta filha do tsar, a caçula da família Romanov. Embora tenha conseguido enganar diversas pessoas na elite imperial, uma investigação financiada pelo irmão da tsarina provou que Anna era, na realidade, a funcionária pública polaca Franziska Schanzkowska, que foi diagnosticada como doente mental.
Sua história começou em 1920, quando Anna tentou cometer suicídio e foi enviada a um centro psiquiátrico de Berlim. Outro paciente pensava que ela era a Grã-Duquesa e, posteriormente, imigrantes russos apoiaram a hipótese. Dois anos mais tarde, a própria Anna começou a afirmar que era a Grã-Duquesa Anastassía Romanova.
Em 1928, ela se mudou para os EUA e começou a tentar provar que era a Grã-Duquesa à princesa russa Ksênia Gueórgievna, parente distante da família Romanov. No entanto, após fracassar na tarefa, retornou à Alemanha.
Mas não desistiu: por mais de 20 anos ela lutou nos tribunais europeus pelo reconhecimento de seus laços com os Romanov. A obstinação porém resultou apenas em fracasso. Em 1968, ela voltou aos Estados Unidos, onde se casou com um homem rico e recebeu cidadania.
Anderson morreu nos EUA em 1984. Testes póstumos de DNA confirmaram que Anna não tinha ligação sanguínea com a família Romanov.
2. Eugenia Smith, falsa Grã-Duquesa Anastassía da Rússia n°2
Eugenia Smith. Foto: Aquivo pessoal
Outra pretendente ao título de Anastassía foi Eugenia Smith, cujo nome verdadeiro era Eugenia Drabek Smetisko. Smith era artista e escritora e tinha ascendência ucraniana, tendo emigrou para os EUA em 1929.
Em 1963, ela apresentou um manuscrito a uma editora em Windy City, que, de acordo com com a própria, teria recebido diretamente da Grã-Duquesa Anastassía.
O editor lhe pediu que passasse por um detector de mentiras, no qual Smith falhou.
Mais tarde, Smith mudou a versão da história, declarando ser ela mesma era a Grã-Duquesa Anastassía da Rússia. Testada novamente, ela fez o feito incrível de passar na prova de polígrafo .
Seu livro "Autobiografia de Anastassía Nikolaevna da Rússia" relata a vida da filha do tsar na família imperial e como essa teria escapado da execução pelos comunistas.
Eugenia morreu em 1997 em Rhode Island e foi enterrada em um mosteiro ortodoxo.
3. Marga Boodts, falsa Grã-Duquesa Olga Nikoláevna da Rússia
Marga Boodts. Foto: Legion Media
Marga Boodts afirmava ser a primeira filha do tsar Nicolai II, Olga. No início da Segunda Guerra Mundial, Marga conseguiu juntar uma quantia significativo de dinheiro na França afirmando ser a Grã-Duquesa, que teria escapado milagrosamente da execução da família Romanov. Mais tarde, ela foi presa por fraude.
Marga Boodts morreu em 1976, em Sala Comacina, na Itália.
4. Michael Goleniewski, falso príncipe Aleksêi Nikoláievitch da Rússia
Michael Goleniewski foi um oficial e agente de contraespionagem polonês que colaborou com a KGB no final dos anos 1950, enquanto trabalhava para os serviços secretos de seu país.
Mais tarde, Goleniewski se tornou um agente triplo e encaminhava informações dos serviços secretos da Polônia e da URSS à CIA.
Em janeiro de 1961, ele começou a trabalhar para a CIA e foi condenado à morte por um Tribunal da Polônia.
Nos Estados Unidos, porém, ele declarou ser o príncipe russo Aleksêi, filho mais novo do tsar Nicolai II. Segundo Goleniewski, toda a família Romanov estava viva então, embora havia muito poucas pessoas tenham acreditado nele.
Para provar seu sangue azul, Goleniewski tentou contato com suas “irmãs”. Ele se encontrou, por exemplo, com Eugenia Smith declarando ser ela realmente sua irmã. Smith retornou o favor, reconhecendo Goleniewski como filho do tsar.
Mas, após a investigação se esclareceu que Goleniewski havia nascido na Polônia 18 anos após o príncipe Aleksêi. O impostor disse então ser hemofílico (Aleksêi nasceu com essa doença) e, por isso, parecer mais jovem do que realmente era. Poucos acreditaram nele e, mais tarde, Goleniewski acabou expulso da CIA.
Goleniewski morreu em Nova York em 1993.
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