“Que tal a vida, camaradas?” (2017) traz entrevistas com sósias na Praça Vermelha.
DivulgaçãoA programação “Panorama Paulista” do 28° Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que ocorrerá entre 23 de agosto e 3 de setembro, trará imagens de terras bem distantes neste ano. Em “Que tal a vida, camaradas?” (2017), o diretor Luis Felipe Labaki entrevista três duplas de sósias na Praça Vermelha, em Moscou, para saber suas impressões sobre a vida atualmente na Rússia.
“Enquanto fazia minhas pesquisas de mestrado sobre Dziga Vertov nos arquivos de Moscou no ano passado, decidi fazer um filme sobre o centenário da Revolução Russa, que se celebra neste ano. Era uma vontade antiga, que eu alimentava desde 2012 e 2014, quando também estive no país”, conta Labaki.
O olhar turístico que o diretor rende ao filme é marcado pelas locuções na abertura e as imagens de passantes curiosos que, em visita à capital russa, param para tirar fotos com esses sósias.
É com o ponto de vista de um turista, apesar de seu profundo conhecimento da língua e da cultura local, que Labaki busca as opiniões de elementos mais “clichês” da cidade, como ele mesmo qualifica.
“Em outros lugares do mundo, há sósias de figuras mais antigas... Em São Petersburgo, por exemplo, tem Pedro, o Grande, mas no centro de Moscou tem essas figuras de Lênin e Stálin. Eles têm uma repercussão importante na sociedade, mas ali ficam plantadas como o Mickey Mouse. Os turistas tiram fotos, trocam alguma palavra, mas eu queria saber o que eles realmente pensam”, explica.
O resultado é interessante. Um sósia de Stálin aprova a atuação de Pútin, afirmando que seu original faria o mesmo. O sósia do próprio Pútin, que faz uma parceria inusitada com outro Stálin e tenta imitar os trejeitos do atual presidente, repete até o posicionamento do governo de aparente neutralidade quanto ao centenário da revolução.
O sósia de Pútin faz uma parceria inusitada com Stálin. / Foto: Divulgação
O corte final, de cerca de 15 minutos, contém quase toda a filmagem de Labaki e dá um panorama completo dos metros quadrados mais famosos do país: os turistas domésticos que passeiam pela Praça Vermelha e se misturam a velhinhos saudosos da União Soviética e de seus líderes, os sósias que vivem do pagamento de fotografias e acabam detidos pela atividade não ser regulamentada, a fala brincalhona dos russos.
Nos bastidores, cenas cômicas se desenrolaram, como conta Labaki.
“Um sósia de Lênin estava muito a par da situação brasileira em 2016, perguntando sobre o impeachment e pedindo que eu mandasse um abraço para o Pelé e o Garrincha se eles estivessem vivos, mas outro perguntou até se o Brasil ficava perto de Portugal e Espanha. E, claro, todos os fotógrafos dos sósias perguntaram se eu não queria trabalhar com eles como sósia do Púchkin”.
Os passantes russos não silenciam sobre a semelhança de Labaki, com suas longas suíças, com o poeta mais amado do país.
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