Mtsituridze na première do remake de “Auroras nascem tranquilas”
Vladímir Astapkovitch/RIA NôvostiNa sequência do Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), em meados de fevereiro, a diretora-presidente da agência nacional de cinema Roskino, Ekaterina Mtsituridze, conversou com o jornal russo “Izvéstia”.
Além de falar sobre o impacto da crise econômica sobre as produções russas, Mtsituridze contou como a Rússia está se preparando conquistar a indústria cinematográfica global, começando com o próximo Festival de Cannes, entre os dias 11 e 22 de maio.
Cabe lembrar, porém, que a lista de filmes da seleção oficial para Cannes 2016 será oficialmente anunciada somente no dia 14 de abril.
Quais foram as suas impressões sobre o Berlinale 2016?
Ekaterina Mtsituridze: Nossos parceiros internacionais entendem a situação financeira e os desafios que estamos enfrentando agora. Eles nos ajudaram, oferecendo melhores condições e compras de licenças, e o mercado cinematográfico europeu acabou sendo mais benéfico do que esperávamos.
No estande russo da Roskino, foram assinados vários contratos que somam milhões de euros. Eu estou falando do Riki Group, Art Pictures Studio, Wizard Film, Mirsand Limited e Central Partnership. No caso do último, já lançamos em conjunto “Flight Crew”, filme russo sobre um desastre. Ele teve sua primeira exibição no IMAX em Berlim e já promete ser um dos projetos mais rentáveis do ano.
O único projeto que a Rússia retirou da seleção para o festival em Berlim foi “Viking”. Um dos três grandes estúdios de Hollywood ofereceu os produtores deste filme, Konstantin Ernst e Anatóli Maksimov, um contrato de distribuição global. As negociações estão em andamento, e espera-se que as vendas se iniciem em Cannes.
No entanto, a Rússia ainda é incapaz de fornecer filmes de qualidade em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades globais. Sete ou oito projetos por ano não vão promover um grande avanço.
Quanto a Roskino investe hoje para mudar esse cenário?
Y.M.: Em Cannes, por exemplo, o orçamento total da Roskino chega a 300 mil euros, que é quatro vezes menor do que o do Reino Unido, no valor de 1 milhão de libras. Parece-me certo que o pavilhão russo seja um membro regular na mostra de Cannes pelos últimos oito anos, e em Los Angeles, tivemos um dos estandes mais cheios por cinco anos. A Rússia realiza regularmente conferências em Berlim e Veneza, e exporta filmes nacionais para Toronto e Hong Kong.
O orçamento anual do Roskino cobre nove grandes eventos nos principais mercados, onde, graças aos nossos produtores e cineastas, a indústria cinematográfica da Rússia é mais do que honrada.
E se a agência não receber um aporte maior?
Y.M .: Teremos que cortar mercados de filmes e pavilhões russos.
Quais mercados de filmes podem ficar de fora da lista este ano? O Festival de Cannes estaria em jogo?
Y.M.: A Roskino já assinou um acordo com Cannes, e a Rússia terá destaque no festival. A gente vinha esperando por essa chance há cinco anos, e agora estamos requerendo por concessões. Isso é indigno para uma indústria que se esforça para manter um evento de nível mundial.
E quanto aos distribuidores, há muitos com capacidade de vender filmes russos em todo o mundo?
Y.M.: Uma empresa francesa distribuiu “Leviathan” [2014] por todo o mundo em condições muito favoráveis. Nos Estados Unidos, a Sony Pictures Classics também distribuiu o filme, que teve arrecadação bruta de mais de US$ 1 milhão. As empresas russas com foco em mercados internacionais não dispõem desses recursos. Na indústria do cinema, ter uma rede de relacionamentos e charme pessoal ainda é crucial. O mainstream russo está mais ou menos em demanda, mas carecemos de distribuidores de filmes independentes, como The Math Factory, Wild Bunch, e Films Boutique.
“Triapitchni Soiuz”, de Mikhail Mestetski, foi o único filme russo selecionado para o Berlinale em 2016. Você acredita que os filmes russos possam ser exibidos em outros festivais?
Y.M.: Eu gostaria de salientar que o Berlinale recebeu muito bem Mestetski e sua “gangue”. É bem incomum um filme tocar tanto assim o público. Espero que outros festivais achem algo interessante também. Em Berlim, falamos com Thierry Fremaux, diretor do Festival de Cinema de Cannes, e Alberto Barbera, que preside o Festival de Cinema de Veneza. Eles pareceram muito solícitos. Pelo que eu saiba, os próximos projetos russos incluem filmes de Valéri Todorôvski, Andrêi Kontchalôvski e Pável Lunguin. Mas estamos esperando algumas surpresas também.
Entrevista originalmente publicada pelo jornal Izvéstia.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: