Animação russa "A Rainha da Neve" já foi vendida para mais de 70 países Foto: kinopoisk.ru
No final de maio, foi anunciado que uma das maiores holdings de TV da Rússia, a VGTRK, pretende introduzir vários canais russos na América do Sul. Além do canal infantil Mult e do educativo IQ HD, a ideia é lançar um canal especialmente criado para o mercado sul-americano somente com novelas e séries russas.
“Os desenhos animados trazem emoções ao espectador. Para que essas emoções sejam absorvidas, é necessário adaptar o conteúdo e fazer dublagens”, disse o vice-diretor-executivo da VGTRK, Dmítri Mednikov. “Além disso, só a língua espanhola já abre caminho para, pelo menos, três regiões: América do Sul, Europa e África Central.”
O conteúdo dos três canais será traduzido tanto para espanhol, como para português, e as transmissões podem começar já no próximo ano. O custo de exportação dos canais russos, que inclui gastos com tradução, adaptação e licenças, não foi revelado.
“Primeiro precisamos fazer um imenso trabalho de assinatura de contratos com distribuidores locais. Estamos envolvidos neste projeto há já quase um ano e a preparação ainda vai demorar algum tempo”, explica Mednikov.
A expectativa da empresa é cobrir os custos iniciais com capital próprio e angariar investidores para dar sequência ao projeto. Segundo Mednikov, já existem planos para atrair investidores, mas, por enquanto, nenhum acordo foi assinado.
Na Rússia, o canal Mult é transmitido como um canal premium, ou seja, a sua principal fonte de receita são os pagamentos por parte de operadoras de TV a cabo e satélite. “Muito provavelmente, será com esse modelo de comercialização que o canal irá trabalhar no exterior”, revela uma fonte interna do canal.
As datas de lançamento e o modelo de comercialização devem ser definidos na segunda metade do ano.
Audiência concorrida
De acordo com os dirigentes da holding VGTRK, para começar a trabalhar nos mercados estrangeiros, basta garantir a transmissão inicial por três ou quatro meses, o que irá requerer entre 600 e 800 horas de dublagem.
No entanto, alguns especialistas estão céticos sobre as perspectivas dos desenhos animados russos no mercado latino-americano. O acadêmico Aleksandr Tchitchin, da Academia Russa Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública, acredita ser difícil prever como o produto russo será capaz de resistir à concorrência.
“Os espanhóis, por exemplo, são reconhecidos nessa área. Claro que muitas pessoas da América Latina assistem, além dos desenhos nacionais e dos norte-americanos, aos espanhóis, porque os entendem e são próximos em termos de mentalidade”, sugere.
Nas telonas
Nos últimos anos, cresceu o número de países que começaram a comprar filmes de animação russa. Em 2014, vários contratos foram celebrados durante a 35ª edição do American Film Market (AFM), que acontece em Los Angeles.
Cena de "Belka e Strelka. Aventuras Lunares" Foto: kinopoisk.ru
A animação “Lobos e Cordeiros”, por exemplo, foi comprada pela Austrália para ser exibida em salas de cinema. Já o primeiro longa-metragem de animação da Wizart Animation, “A Rainha da Neve” (2012), já havia sido comprado por 70 países na época do lançamento e recentemente foi vendido para países da América Latina e Indonésia. E a sequência do filme, “A Rainha da Neve 2”, já tem destino certo: Japão e Indonésia.
Além disso, um número recorde de projetos russos foi exibido em Cannes este ano. Entre eles estão ‘Belka e Strelka”, “Alice sabe o que fazer” e “As Extraordinárias Aventuras de Serafina”.
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